O apoio pífio do PSD e do CDS é bom para Marcelo


Sem Pacheco Pereira o PSD ficaria bastante mais pobre política e culturalmente.


Não podia ter sido mais pífia a forma como o PSD anunciou o seu apoio à candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa à presidência da república, num dia de semana e pela calada da noite.

Foi uma espécie de entrada às arrecuas porque não podia deixar de ser. A oligarquia do actual PSD não gosta nem nunca gostou de Marcelo. Se dúvidas houvesse, basta reler a tal moção que Passos Coelho levou a um congresso do PSD, rejeitando candidatos cataventos utilizando uma terminologia para magoar e denegrir Marcelo. De resto o professor e comentador tirou as consequências e pôs de parte a ideia de correr para Belém durante um tempo.

Mais tarde houve a tentativa sub-reptícia da nomenclatura de fazer avançar Rui Rio tendo como primeiro fito dificultar a candidatura de Marcelo. Rui Rio, porém, não foi no engodo. Percebeu a tempo que não teria hipóteses, dividiria o PSD e acabaria provavelmente derrotado por um candidato de esquerda, perdendo um futuro político que assim se mantém cheio de potencial.

Churchill tinha razão quando disse que à sua frente se sentavam os adversários e ao seu lado os inimigos. A imagem define o universo da política. Vá lá que, ao menos, não houve na equipa de Passos quem se mexesse como o fez Rui Gomes da Silva quando era ministro de Santana Lopes para acabar com os comentários televisivos de Marcelo.
Os tempos são menos intolerantes mas mesmo assim sobram resquícios como a campanha que foi desencadeada há dias para intimidar e convidar Pacheco Pereira a sair do PSD pelo seu pé, sob o pretexto de que ele ia participar em iniciativas de outros candidatos à presidência quando nem sequer o PSD tinha ainda recomendado (nada mais do que isso) o apoio a Marcelo.

No PSD por tradição (coisa que hoje tanto se invoca) não há nem pode haver delito de opinião. Podem, sim, aplicar-se sanções por actos concretos contra quem, por exemplo, apoiar expressamente outro partido ou até entrar em listas concorrentes. Ora, desde logo, as presidenciais são por definição candidaturas suprapartidárias e individuais pelo que a questão não se aplica ao caso.

Se houvesse delito de opinião, Cavaco teria sido expulso pelo menos duas vezes. Quando com Eurico de Melo lançou uma campanha para destruir Balsemão. E ainda quando assinou um célebre texto sobre a boa e a má moeda que serviu para encostar Santana às cordas. Por seu lado, Passos Coelho teria certamente sofrido duras sanções disciplinares quando passou o tempo a criticar e a boicotar a liderança de Manuela Ferreira Leite. Por isso Pacheco que siga em frente com a sua liberdade intelectual e sem se intimidar com as insinuações de que o cartão do partido é um espécie de passe Gold que lhe dá mais valor para facturar. Não é. Pacheco Pereira é um dos mais sólidos pensadores do país como se pode ler e ver nas suas crónicas e textos e nos programas da SIC “Quadratura do Circulo” e “Ponto e Contraponto”, dignos do melhor que se faz no mundo. Sem Pacheco o PSD ficaria bem mais pobre política e culturalmente, acantonando o partido ainda mais à direita em vez de o reposicionar num centro que abranja moderados de esquerda e de sociais cristãos. E quanto à escolha de Pacheco para Serralves é um convite merecido não remunerado e semelhante ao que já desempenha noutras instituições. Certamente que por despeito ou inveja logo apareceu um desconhecido militante e advogado a propor a expulsão de Pacheco do PSD por ter aceitado o desafio feito por João Soares enquanto Ministro da Cultura. E ainda há quem diga que o fundamentalismo é só coisa dos muçulmanos…A criatura certamente não sabe que há uns anos Pacheco estava indicado para embaixador na OCDE. Tinha sido convidado por Barroso mas este foi para Bruxelas e Pacheco não quis ir representar o governo de Santana. Quantos outros na política teriam feito o mesmo?

Voltando às presidenciais, junte-se ao pífio apoio do PSD o do CDS limitado aos serviços mínimos indispensáveis. Percebe-se dada a relação fria e até hostil que existe entre Marcelo e Portas. O argumento de Portas para justificar o apoio remete para a teoria dos eleitores não porem todos os ovos no mesmo cesto. Um slogan fraquinho sobretudo depois de Portugal vir de uma situação em que a antiga maioria detinha a presidência da república, a presidência do parlamento e o governo.

Olhando para a sociedade, os apoios meramente formais da oligarquia dos dois partido do PàF contrastam com a adesão tranquila mas decidida que boa parte da população de todos os quadrantes está a dar sem alaridos nem histerismos a Marcelo. Quanto menos bandeiras do PSD e do CDS aparecerem melhor para um candidato que, para já, pesca com abundância em todas as áreas políticas.

Escreve à quarta-feira


O apoio pífio do PSD e do CDS é bom para Marcelo


Sem Pacheco Pereira o PSD ficaria bastante mais pobre política e culturalmente.


Não podia ter sido mais pífia a forma como o PSD anunciou o seu apoio à candidatura de Marcelo Rebelo de Sousa à presidência da república, num dia de semana e pela calada da noite.

Foi uma espécie de entrada às arrecuas porque não podia deixar de ser. A oligarquia do actual PSD não gosta nem nunca gostou de Marcelo. Se dúvidas houvesse, basta reler a tal moção que Passos Coelho levou a um congresso do PSD, rejeitando candidatos cataventos utilizando uma terminologia para magoar e denegrir Marcelo. De resto o professor e comentador tirou as consequências e pôs de parte a ideia de correr para Belém durante um tempo.

Mais tarde houve a tentativa sub-reptícia da nomenclatura de fazer avançar Rui Rio tendo como primeiro fito dificultar a candidatura de Marcelo. Rui Rio, porém, não foi no engodo. Percebeu a tempo que não teria hipóteses, dividiria o PSD e acabaria provavelmente derrotado por um candidato de esquerda, perdendo um futuro político que assim se mantém cheio de potencial.

Churchill tinha razão quando disse que à sua frente se sentavam os adversários e ao seu lado os inimigos. A imagem define o universo da política. Vá lá que, ao menos, não houve na equipa de Passos quem se mexesse como o fez Rui Gomes da Silva quando era ministro de Santana Lopes para acabar com os comentários televisivos de Marcelo.
Os tempos são menos intolerantes mas mesmo assim sobram resquícios como a campanha que foi desencadeada há dias para intimidar e convidar Pacheco Pereira a sair do PSD pelo seu pé, sob o pretexto de que ele ia participar em iniciativas de outros candidatos à presidência quando nem sequer o PSD tinha ainda recomendado (nada mais do que isso) o apoio a Marcelo.

No PSD por tradição (coisa que hoje tanto se invoca) não há nem pode haver delito de opinião. Podem, sim, aplicar-se sanções por actos concretos contra quem, por exemplo, apoiar expressamente outro partido ou até entrar em listas concorrentes. Ora, desde logo, as presidenciais são por definição candidaturas suprapartidárias e individuais pelo que a questão não se aplica ao caso.

Se houvesse delito de opinião, Cavaco teria sido expulso pelo menos duas vezes. Quando com Eurico de Melo lançou uma campanha para destruir Balsemão. E ainda quando assinou um célebre texto sobre a boa e a má moeda que serviu para encostar Santana às cordas. Por seu lado, Passos Coelho teria certamente sofrido duras sanções disciplinares quando passou o tempo a criticar e a boicotar a liderança de Manuela Ferreira Leite. Por isso Pacheco que siga em frente com a sua liberdade intelectual e sem se intimidar com as insinuações de que o cartão do partido é um espécie de passe Gold que lhe dá mais valor para facturar. Não é. Pacheco Pereira é um dos mais sólidos pensadores do país como se pode ler e ver nas suas crónicas e textos e nos programas da SIC “Quadratura do Circulo” e “Ponto e Contraponto”, dignos do melhor que se faz no mundo. Sem Pacheco o PSD ficaria bem mais pobre política e culturalmente, acantonando o partido ainda mais à direita em vez de o reposicionar num centro que abranja moderados de esquerda e de sociais cristãos. E quanto à escolha de Pacheco para Serralves é um convite merecido não remunerado e semelhante ao que já desempenha noutras instituições. Certamente que por despeito ou inveja logo apareceu um desconhecido militante e advogado a propor a expulsão de Pacheco do PSD por ter aceitado o desafio feito por João Soares enquanto Ministro da Cultura. E ainda há quem diga que o fundamentalismo é só coisa dos muçulmanos…A criatura certamente não sabe que há uns anos Pacheco estava indicado para embaixador na OCDE. Tinha sido convidado por Barroso mas este foi para Bruxelas e Pacheco não quis ir representar o governo de Santana. Quantos outros na política teriam feito o mesmo?

Voltando às presidenciais, junte-se ao pífio apoio do PSD o do CDS limitado aos serviços mínimos indispensáveis. Percebe-se dada a relação fria e até hostil que existe entre Marcelo e Portas. O argumento de Portas para justificar o apoio remete para a teoria dos eleitores não porem todos os ovos no mesmo cesto. Um slogan fraquinho sobretudo depois de Portugal vir de uma situação em que a antiga maioria detinha a presidência da república, a presidência do parlamento e o governo.

Olhando para a sociedade, os apoios meramente formais da oligarquia dos dois partido do PàF contrastam com a adesão tranquila mas decidida que boa parte da população de todos os quadrantes está a dar sem alaridos nem histerismos a Marcelo. Quanto menos bandeiras do PSD e do CDS aparecerem melhor para um candidato que, para já, pesca com abundância em todas as áreas políticas.

Escreve à quarta-feira