Garcia Pereira saiu do partido há um mês. “Enorme mágoa”

Garcia Pereira saiu do partido há um mês. “Enorme mágoa”


António Garcia Pereira, líder do PCTP/MRPP nos últimos anos, anunciou em nota pública, divulgada a 25 de Novembro, que se tinha demitido do partido uma semana antes. Garcia Pereira tinha sido suspenso do Comité Central logo a seguir às eleições legislativas.


“Informo que, embora com uma enorme mágoa, mas também com a firme convicção de que a História não nos deixará de julgar a todos, me vi constrangido, como única alternativa com um mínimo de dignidade, a apresentar, no passado dia 18 de Novembro, a minha demissão”, escreveu Garcia Pereira, insurgindo-se contra os “permanentes ataques pessoais e imputações infamantes de toda a ordem, sem qualquer possibilidade de debate”, que Arnaldo Matos andava, desde as legislativas, a desferir contra si. Na nota, o advogado afirmou que a partir de agora se manteria em silêncio sobre o assunto.

Garcia Pereira tinha sido suspenso do partido a 14 de Outubro, em consequências dos resultados eleitorais. O Comité Central do MRPP que suspendeu Garcia Pereira e outros quatro dirigentes considerou que a derrota eleitoral “fica unicamente a dever-se à incompetência, oportunismo e anticomunismo primário do secretário-geral do Partido e dos quatro membros do comité permanente do comité central, que tudo fizeram para sabotar a aplicação do comunismo, do marxismo-leninismo, dos métodos de trabalho, do programa político e da linha de massas que sempre caracterizaram a vida e luta do Partido”. Garcia Pereira e os outros dirigentes eram acusados de serem responsáveis “pela desintegração em que o partido se encontra”. Arnaldo Matos tinha abandonado o MRPP em 1982. O regresso foi estonteante.

ana.lopes@sol.pt