Euro-2016. Cerca de zero árbitros portugueses

Euro-2016. Cerca de zero árbitros portugueses


A UEFA decide, está decidido. Cerca de zero, o número de árbitros portugueses noEuro-2016. É a primeira vez desde 2008, na sequência da final apitada por Pedro Proença em 2012. É um Espanha-Itália (4-0), famoso pelo pedido de Iker para acabar o jogo mais cedo antes dos 90’-e-tal porque, como diria Diácono Remédios, já não…


Antes de Pedro Proença, há a tal falha de 2008, provocada pelo apito dourado. Recuam-se quatro anos e eis-nos em 2004, no Euro em casa. A UEFA elege Lucílio Baptista e este não está de modas: nove amarelos mais um vermelho em cada um dos dois jogos (Suíça-Dinamarca em Leiria, Bulgária-Dinamarca em Braga). Não passa da fase de grupos.
NoEuro-2000, a selecção dá brado e chega às meias-finais, mais longe que o representante dos árbitros (quartos, Vítor Pereira). Em 1996, nada feito (desta vez, sem apito dourado). Em 1992, é a era Rosa Santos. Um homem ponderado, um árbitro à maneira. NoSuécia-Inglaterra, para a última jornada da fase de grupos, o português é protagonista de um momento ímpar do futebol europeu. Mundial até. É a despedida oficial de Gary Lineker.Se ele marcar um golo que seja, alcança o recorde de Bobby Charlton. E o que faz o seleccionador Graham Taylor?Substitui-o na segunda parte. E onde pára a braçadeira?

“Está para ali, o meu filho é que sabe dela. Quando era pequenino, levava-a para jogar com os outros miúdos”, conta Rosa Santos, num estilo vagaroso, típico de um alentejano (Beja). Conte lá o que se passou. “O Lineker saiu e deu-me a braçadeira para a mão. Cumprimentou-me e saiu.” E depois? “Entreguei a braçadeira ao vice, o David Platt.”
Calma, há mais. “Acaba o jogo, a Suécia entra em festa (2-1), a Inglaterra vai para o balneário e o Lineker volta a oferecer-me a braçadeira. Afinal, é para mim. Foi uma honra tremenda.”

Rosa Santos, que homem. Que árbitro. Também apita a Inglaterra no Euro-88 (URSS, 3-1 em Frankfurt). Em 1984, nada de árbitros português na primeira participação da selecção. Em 1980, a estreia nacional por António Garrido. É dele o apito no decisivo Itália-Bélgica. Quem ganhar, vai à final – o empate só serve aos belgas.

“Foi no Estádio Olímpico”, conta Garrido ao i, há dois anos. “A abarrotar. Está a ver, não é? A Itália, uma das pátrias do futebol, a jogar em casa. O presidente da FIFA era italiano e todos sonhavam com a final Itália-RFA. E acaba 0-0.”
Um jogo esquisito? “Muuuuiito. Veja lá bem, mostrei cinco amarelos. E talvez tenha sido pouco. Tanto os italianos  como os belgas entravam duro, sem se preocupar coma bola. O Antognoni, o número 10, foi substituído por lesão aos 26’. Na segunda parte, o Van Moer também se lesiona.”

“Só” isso? “Não, não. Aos seis minutos da segunda parte, uma jogada entre Graziani e Altobelli apanha ali a mão do Meeuws. Ele estava dentro da sua área mas tocou a bola com a mão fora da área. Assim eu o entendi e assinalei livre. Os italianos protestaram imenso mas mantive a minha ideia. Nem na televisão se percebeu muito bem se foi dentro ou fora. De qualquer forma, antes de apitar, olhei para o fiscal-de-linha [Raul Nazaré ou Mário Luís] e ele nada me indicou. Portanto, para mim era livre directo. O Altobelli atirou para as nuvens, os belgas mantiveram o 0-0 e qualificaram-se para a final.” Palavra de honra.De árbitro, portanto.

Os 18 eleitos da UEFA

inglaterra (2)
Martin Atkinson
Mark Clattenburg

alemanha (1)
Felix Brych

turquia (1)
Cüneyt Cakir

escócia (1)
William Collum

SUÉCIA (1)
Jonas Eriksson

roménia (1)
Ovidiu Hategan

rússia (1)
Sergey Karasev

hungria (1)
Viktor Kassai

rep. checa (1)
Pavel Kralovec 

holanda (1)
Bjorn Kuipers

polónia (1)
Szymon Marciniak

SÉRVIA (1)
Milorad Mažić

NORUEGA (1)
Svein Moen

ITÁLIA (1)
Nicola Rizzoli

ESLOVÉNIA (1)
Damir Skomina

FRANÇA (1) 
Clément Turpin

ESPANHA (1)
Velasco Carballo