Questionado sobre as suas ligações com o Grupo Lena, o ex-primeiro-ministro confirmou ter feito um contacto com o vice-presidente de Angola para que o Grupo Lena fosse recebido em Angola, alegando que também o fez com muitas outras empresas. “Fi-lo pensando eu que estava a fazer não só o que devia, como o que era o meu dever”, afirmou.
Sobre a imputação dos crimes de corrupção, disse que o MP “foi além do que poderia fazer”, porque não tinha nenhum indício “sólido nem líquido”. O ex-primeiro-ministro disse ainda que o PROTAL não atribui benefícios a ninguém, assegurando que o disse ao procurador Rosário Teixeira.
Acusações estratosféricas “Como a corrupção era o alfa e o ómega da campanha de difamação arranjaram o Grupo Lena, depois foram para Vale de Lobo e falaram no PROTAL”, disse continuando: “como não deu para dizer que o PROTAL beneficiava, disseram que foi a clausula de exceção que beneficiou o empreendimento de luxo”.
Estas acusações são “estratosféricas”. “Mas o que é mais extraordinário é que a clausula de exceção não abrangeu Vale do Lobo. Esta imputação é completamente absurda”, reforçou.
Ainda sobre este tema, disse que “não sabia quem eram os acionista de Vale do Lobo”. Quanto ao alegado benefício da Caixa Geral de Depósitos – de que Armando Vara era administrador – ao empreendimento de luxo, disse também não fazer qualquer sentido as conclusões da investigação.
“Isto é uma investigação que, não tendo nada, me quer perseguir”, afirma, sugerindo de seguida: “Há um documento que me incrimina? Não! Há apenas depoimentos que me ilibam”.
Relação com o amigo Sobre o amigo Carlos Santos Silva disse ter tido sempre noção de ser um empresário de sucesso, com vários negócios.
“Detiveram-me e disseram que o dinheiro do meu amigo era meu, mas nos dados que vieram da Suíça eu não apareço em lado nenhum. Em nenhum documento conseguem sustentar essa tese. Eu devo ser a única pessoa no mundo que tendo 23 milhões de euros escondidos e já tinha pedido três empréstimos à Caixa Geral de Depósitos”, esclareceu.
“Esse dinheiro não é meu, é do meu amigo Carlos Santos Silva”, frisou.
Sobre as motivações da alegada perseguição do Ministério Público, Sócrates disse haver “um envolvimento pessoal a mais por parte dos investigadores”.
Os investigadores, disse, “passam por aquilo a que se chama efeito túnel. Por exemplo não explicam como é que tendo esse dinheiro pedi empréstimos”.
Iniciando diversas respostas dizendo que o entrevistador estava a fazer insinuações com base na tese do Departamento Central de Investigação e Acção Penal, Sócrates negou qualquer envolvimento com o acervo que está em nome de Santos Silva. Sobre o apartamento de Paris, voltou a referir que o imóvel pertencia ao amigo, esclarecendo que nem sequer entende o que é referido pela investigação: “É uma falsidade, como já o disse várias vezes.”
A concluir disse que nunca usou códigos em telefonemas para se referir a dinheiro.
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