Edgar Silva apresentou ontem o seu projecto eleitoral na Casa da Cultura, em Coimbra, apoiado pelo PCP. Foi o secretário-geral da FENPROF, Mário Nogueira, quem deu início à sessão. Diz a favor do “candidato do PCP” que “cumprir a Constituição é o seu desígnio”. A necessidade de “um efectivo compromisso de defender, cumprir e fazer cumprir a constituição” é reforçada pelo antigo padre, que também se focou na necessidade de assumir posições e se diz “nacional e de esquerda”.
Sem ler papéis, com os olhos fixados nas cerca de 70 pessoas presentes na sala, fala dos problemas regionais de que tomou conhecimento e encoraja “movimentos reivindicativos”. Menciona o fecho da linha ferroviária entre Coimbra e Lousã, as reinvindicações dos produtores de arroz em Montemor e passa pela desativação de serviços de saúde em Cantanhede para expressar que “há-de haver um dia em que o Presidente da República não vira as costas ao povo”. Para isso, expressa vontade de manter o contacto com os movimentos sociais que alertam para estas questões.
“A direita encara estas eleições como vingança, retaliação, uma forma de recuperar parcelas do poder perdido”, acusa o candidato. Dirige aqui a maioria das suas críticas a Marcelo Rebelo de Sousa, por considerar que está a ser favorecido pelos meios de comunicação, e pelas suas ligações partidárias que “são esquecidas”. Sampaio da Nóvoa não se declarar abertamente de esquerda foi também alvo de desaprovação.
Iniciado o período de intervenções, questiona-se a existência de vários candidatos da ala esquerda, e o porquê de PS, BE e CDU não terem escolhido um só candidato com mais hipóteses de vencer a direita, já que os vários partidos viabilizaram um projecto alternativo de governo. A resposta de Edgar Silva passou pela desresponsabilização do PCP nas acções governativas – “há um governo do PS, não se pode associar a uma coligação”. Além disto, não reconhece que exista realmente variedade de candidatos de ideologia semelhante. “A direita tem um candidato, e depois há uma pluralidade de candidaturas. Nem todas são de esquerda”.
Apela ao voto, e adopta a sugestão de um dos intervenientes para que cada pessoa presente na sessão mobilize outras três por dia a votar no seu projecto. “A quatro de Outubro abriu-se uma porta de esperança. A 24 de Janeiro não podemos deixar que essa porta se feche”, indica o candidato para explicar a necessidade das pessoas irem às urnas.