O preço do barril de petróleo continua em queda e já está abaixo da barreira dos 40 dólares, o que acontece pela primeira vez em sete anos. Feitas as contas, os preços do petróleo já perderam mais de 60% de seu valor desde meados de 2014.
Esta desvalorização tem sido mais acentuada depois da Organização dos Países Exportadores de Petróleo (OPEP) ter anunciado, na passada semana, que não vai reduzir a produção e que esta se vai manter em cerca de 30 milhões de barris diários.
O que é certo é que esta tendência de queda deverá manter-se nos próximos meses, ou, pelo menos, até que as maiores economias mundiais recuperem o ritmo de crescimento e voltem a equilibrar a procura e a produção.
E apesar da meta estipulada pela OPEP de produção diária de petróleo ser de 30 milhões de barris, a verdade é que há já uns meses largos que os países da organização estão a produzir acima desse valor e a rondar os 31,5 milhões de barris por dia.
Desta forma, ao adiar para Junho uma decisão sobre uma nova meta, mas anunciando a continuação da produção acima dos 30 milhões de barris por dia, de certa forma a OPEP oficializou a possibilidade de os níveis de produção continuarem acima da meta estabelecida, o que significa que a oferta do “ouro negro” deverá continuar em níveis excedentários.
Cortes nos investimentos
Perante esta descida de preços, as empresas vão ser obrigadas, mais uma vez, a cortar nos seus investimentos. De acordo com o último estudo da consultora Wood Mackenzie, as maiores petrolíferas mundiais precisam de cortar 1,5 biliões de dólares nos novos projectos e vão ter de reduzir entre 20 e 30% na despesa em novos investimentos para suportar a queda das receitas motivada pela descida do preço desta matéria-prima.
De acordo com o estudo, a indústria petrolífera tem de baixar os custos e aumentar a rentabilidade das explorações de petróleo para equilibrar os orçamentos, obrigando as grandes petrolíferas a elaborarem planos de contingência para responder à descida das receitas.
Petróleo em Portugal
Nos últimos meses temos vindo a assistir a anúncios de vários consórcios que vão explorar petróleo em território nacional. Repsol, Galp Energia, Eni, Partex, Kosmos Energy, Australis Oil & Gas e Portfuel são as empresas de energia a que, sozinhas ou em consórcios, foram concessionadas um total de 15 áreas, tanto deep offshore (zona imersa profunda) como onshore (zona emersa), por parte da Entidade Nacional para o Mercado de Combustíveis (ENMC). Estas explorações estão a ser feitas na bacia do Algarve e na bacia do Alentejo.
Apesar de ainda não existirem conclusões, a verdade é que existem vários estudos e análises que apontam para a existência de reservas de hidrocarbonetos. Por outro lado, é ainda totalmente desconhecida a quantidade e as condições dessas reservas. Há mesmo quem diga que o nosso país beneficia de características semelhantes às do Canadá, país que explora e produz petróleo.