A subida de popularidade do presidente francês, François Hollande, devido à sua gestão dos atentados de Paris não foi suficiente para travar a subida da direita nas primeira volta das eleições regionais francesas de 2015. Segundo todas as sondagens à boca das urnas, o partido de extrema-direita, dirigido por Marine Le Pen, consegue cerca de 28% dos votos, seguidos da Lista de Direita, do ex-
-presidente Sarkozy, e apenas 24% dos socialistas. Em queda livre estão as restantes forças de esquerda, com os ecologistas a conseguirem 6,6%, e a Frente de Esquerda menos de 4%. “Parece que a Frente Nacional conseguiu largamente ser o primeiro partido em França, com um resultado que é superior às melhores sondagens dos últimos dias”, garante o presidente do partido, Florian Philippot, à agência France-Presse.
Nestas eleições, que tiveram uma taxa de participação superior a 50% – mais quase 5% que em relação às eleições de 2004 –, os socialistas deverão conquistar, na segunda volta, apenas cinco das 21 regiões que dominavam até agora.
Nas duas regiões consideradas como as mais ganháveis por parte da Frente Nacional, os resultados da primeira volta confirmaram esta previsão: Marion Maréchal-Le Pen aparece com mais de 41% dos votos em Provence-Alpes-Côte d’Azur, enquanto em Nord-
-Pas-de-Calais-Picardie o partido de extrema-direita atinge os 41,4%.
Na sua conferência de imprensa, Marine Le Pen sublinhou a sua vitória: “É um resultado magnífico. O povo exprimiu-
-se e, desta forma, a França levantou a cabeça. Este voto confirmou o que anteriores eleições anunciaram: o movimento nacional é o primeiro partido de França”, afirmou.
Por sua vez, o ex-presidente francês, Nicolas Sarkozy, confia vir a ganhar a maioria das regiões de França na segunda volta. “Esta tarde, toda a expressão da exasperação dos franceses deve ser respeitada”, declarou Sarkozy, piscando o olho ao eleitorado da Frente Nacional. “Nós entendemos as suas inquietações, mas ninguém obterá respostas válidas de um partido [a Frente Nacional] que agravaria de uma forma dramática a situação da França e criaria condições para uma desordem perigosa no país e nas regiões”, alertou o líder da direita, tentando conquistar o voto de protesto dos eleitores, no partido de Marine Le Pen, para uma segunda volta das regionais. “Na situação particularmente grave que conhece a França, é crucial que todos os que pretendem uma alternância e que não se exprimiram obtenham no próximo domingo um caminho nas urnas”, e concluiu: “A única alternativa credível é constituída pelos candidatos da direita e do centro”. Desta forma, a força encabeçada por Sarkozy não retirará listas para a segunda volta das eleições.
Apesar desta hecatombe, o porta-voz do governo socialista, Le Foll, tem uma leitura diferente dos resultados eleitorais: “A totalidade dos votos da esquerda fazem dela o primeiro partido em França.”
O assalto ao poder por parte da Frente Nacional é visível: o partido foi o mais votado nas eleições europeias e aparece agora como a primeira força política na primeira volta das eleições regionais, que decorreu ontem – as últimas que se realizam antes das presidenciais, marcadas para 2017.
O partido antieuropeu e antiemigração está a ganhar pela primeira vez um peso regional significativo que o pode alavancar a outros voos nas próximas eleições.
A Europa encontra-se em plena transformação, com os atentados terroristas e com a subida de partidos populistas, muitos dos quais – caso da Frente Nacional, do partido da presidente polaca, dos partidos independentistas belgas e do UKIP britânico – ferozmente contra a manutenção desta União Europeia. Caso esta tendência se confirme nos próximos dias e a Frente Nacional conquiste algumas das seis regiões em que ficou à frente, neste domingo, a Europa tal como a conhecemos, e as instituições europeias, terá conhecido o início do fim.