O engano de quem raramente se engana


A impossibilidade de dissolver a Assembleia da República nos seis meses posteriores à sua constituição acrescentou novas limitações ao cargo de Presidente.


Todos os problemas com que o sr. Presidente da República de Portugal se debate e debateu ao longo dos dois últimos meses foram uma criação de sua autoria. Para uma pessoa que “nunca tem dúvidas e raramente se engana”, e para quem estudou todas as possibilidades e tem resposta para todos os cenários, digamos que foram falhas a mais.

Na verdade, o sr. prof. Aníbal Cavaco Silva enganou-se redondamente quando marcou as eleições legislativas para o dia 4 de Outubro de 2015 e não aceitou a sugestão que antecipava as mesmas para Abril. Mas tudo indica que o sr. Presidente procurou dar mais tempo aos partidos da coligação PàF para irem ganhando fôlego, a fim de repetirem a vitória anterior. Quantos mais meses passassem, tudo parecia indicar que o PS ficaria mais frágil, sobretudo tendo em conta as peripécias do caso José Sócrates, sabiamente aproveitadas mediaticamente para ir cavando mais desconfiança e mais afastamento do eleitorado.

Assim se chegou a esta época de indecisões e da impossibilidade de o sr. Presidente da República de Portugal intervir plenamente na vida política dos portugueses, mercê da sua limitação de poderes. A impossibilidade de dissolver a Assembleia da República durante os seis meses posteriores à sua constituição acrescentou ainda novas limitações às já inerentes ao cargo de Presidente. Um mero exercício de antevisão e de cálculo de futuras consequências teria permitido ao sr. Presidente prever um dos cenários mais previsíveis. Não o fez e viu-se com uma crise nos braços, e com decisões inevitáveis de tomar que de todo em todo lhe desagradaram. O que só prova que a realidade tem sempre cenários novos que fogem a todas as análises e previsões. É assim que algumas refeições acabam por comportar sapos.

Escreve à sexta-feira

O engano de quem raramente se engana


A impossibilidade de dissolver a Assembleia da República nos seis meses posteriores à sua constituição acrescentou novas limitações ao cargo de Presidente.


Todos os problemas com que o sr. Presidente da República de Portugal se debate e debateu ao longo dos dois últimos meses foram uma criação de sua autoria. Para uma pessoa que “nunca tem dúvidas e raramente se engana”, e para quem estudou todas as possibilidades e tem resposta para todos os cenários, digamos que foram falhas a mais.

Na verdade, o sr. prof. Aníbal Cavaco Silva enganou-se redondamente quando marcou as eleições legislativas para o dia 4 de Outubro de 2015 e não aceitou a sugestão que antecipava as mesmas para Abril. Mas tudo indica que o sr. Presidente procurou dar mais tempo aos partidos da coligação PàF para irem ganhando fôlego, a fim de repetirem a vitória anterior. Quantos mais meses passassem, tudo parecia indicar que o PS ficaria mais frágil, sobretudo tendo em conta as peripécias do caso José Sócrates, sabiamente aproveitadas mediaticamente para ir cavando mais desconfiança e mais afastamento do eleitorado.

Assim se chegou a esta época de indecisões e da impossibilidade de o sr. Presidente da República de Portugal intervir plenamente na vida política dos portugueses, mercê da sua limitação de poderes. A impossibilidade de dissolver a Assembleia da República durante os seis meses posteriores à sua constituição acrescentou ainda novas limitações às já inerentes ao cargo de Presidente. Um mero exercício de antevisão e de cálculo de futuras consequências teria permitido ao sr. Presidente prever um dos cenários mais previsíveis. Não o fez e viu-se com uma crise nos braços, e com decisões inevitáveis de tomar que de todo em todo lhe desagradaram. O que só prova que a realidade tem sempre cenários novos que fogem a todas as análises e previsões. É assim que algumas refeições acabam por comportar sapos.

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