Collor foi o primeiro presidente a enfrentar impeachment

Collor foi o primeiro presidente a enfrentar impeachment


Há 23 anos, o primeiro presidente eleito depois do fim do regime militar perdeu o cargo. 


Corria o ano de 1989 quando Fernando Collor de Mello foi eleito presidente do Brasil, tendo sido o primeiro presidente eleito depois do fim do regime militar. Três anos depois, a 29 de Setembro de 1992, a Câmara dos Deputados aprovou o seu afastamento, o que levou à renúncia e perda dos direitos políticos de Collor durante oito anos. Voltemos um pouco atrás até essa altura.

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Em 1989, o Brasil realizou a sua primeira eleição directa em 30 anos. Durante a campanha eleitoral para a escolha do primeiro presidente eleito por voto popular depois da ditadura, Collor apresentou-se ao povo como “caçador de marajás [pessoa muito rica]”. “Vamos fazer do nosso voto a nossa arma. Para retirar do Palácio do Planalto os maiores marajás deste país”, dizia Collor na altura. 

O discurso parece ter agradado ao povo brasileiro: Collor foi eleito com 35 milhões de votos contra os 31 milhões do segundo candidato, o agora ex-presidente Lula da Silva.

Poucos meses depois de ter assumido o cargo, a 15 de Março de 1990, começaram a surgir várias denúncias de que Paulo César Farias, o tesoureiro do partido, pediu dinheiro a empresários e, com ele, ofereceu algumas vantagens no governo.

Só algum tempo depois, em 1991, o então presidente falou em público sobre as suspeitas. “Toda e qualquer denúncia tem de ser exemplarmente apurada”, disse. 

A 29 de Setembro de 1992 aconteceu o principal marco do processo que levou à saída de Collor da presidência: a Câmara dos Deputados aprovou o pedido de impeachment. O caso foi levado ao Senado, que abriu um processo para apurar se tinha havido crime de responsabilidade. Até o processo estar concluído, Collor foi temporariamente afastado da presidência. E nunca mais voltou a assumir o cargo.

Exactamente três meses depois, a 29 de Dezembro de 1992, o Senado decidiu que Collor era culpado do crime de responsabilidade.

Depois da derrota política, Collor foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República por corrupção passiva. Em 2006 foi eleito senador pelo estado de Alagoas, cargo no qual permanece até hoje.
Foi a primeira vez que um processo de impeachment aconteceu no Brasil.