O ex-ministro Miguel Macedo disse hoje que informou o seu advogado sobre a divulgação pela CMTV de imagens do seu interrogatório judicial, para que este tome as medidas que entender adequadas.
"Já transmiti ao meu advogado que estava a acontecer essa situação e agora ele fará o que entender sobre essa matéria”, afirmou Miguel Macedo, em declarações à agência Lusa, sobre a difusão das imagens e do áudio do interrogatório perante o Ministério Público como arguido realizado no âmbito do processo "vistos Gold".
Instado a comentar se a divulgação das imagens resulta de uma falha na justiça, o ex-ministro da Administração Interna disse desconhecer: “Não sei, mas isto nunca tinha visto. Nem sei se é falha, nem sei exatamente qual é o enquadramento disso neste momento. Justamente por isso é que dei conhecimento ao meu advogado. Agora que faça o que entender sobre isso”, reiterou Miguel Macedo.
Sobre a divulgação das imagens, o antigo governante optou pelo silêncio.
“Não revelo os meus estados de alma. Não digo nada. Não tenho feito declaração nenhuma sobre o processo nem tenciono fazer, pelo menos para já”, concluiu.
Miguel Macedo, que está acusado de três crimes de prevaricação de titular de cargo político e de um crime de tráfico de influência, contou à Lusa que soube da divulgação das imagens pela CMTV (Correio da Manhã TV), durante a tarde de hoje por "uma pessoa amiga”.
Porém, o ex-ministro disse saber que o interrogatório judicial tinha sido gravado e filmado, considerando ser este “um procedimento normal”.
A Lusa tentou contactar o advogado de Miguel Macedo, Castanheira Neves, assim como João Medeiros, advogado do antigo diretor do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, Manuel Jarmela Palos, que é arguido no mesmo processo e também aparece nas imagens, mas tal não foi possível até ao momento.
A acusação do processo "vistos Gold" foi conhecida no dia 17 de novembro, decorrendo ainda o prazo para a abertura da fase de instrução.
Na edição de hoje em papel, que reproduz parte do interrogatório a Miguel Macedo, o jornal Correio da Manhã (CM) refere: “procuradores não ficam satisfeitos com ausência de explicações e acusam ex-governante de quatro crimes: prevaricação e tráfico de influências”.
No processo "vistos Gold" estão também acusados o ex-presidente do Instituto de Registos e Notariado (IRN), António Figueiredo, o ex-diretor do Serviço de Estrangeiros e Fronteiras, Manuel Palos, e ex-secretária-geral do Ministério da Justiça, Maria Antónia Anes, num total de 17 pessoas e quatro empresas.
Lusa