Yuzuru Hanyu tem 20 anos e é mais um dos muitos prodígios que o Japão soube criar nos últimos anos para as modalidades técnicas. No programa completo de ginástica, Kohei Uchimura é rei e senhor e venceu o Mundial pelo sexto ano consecutivo. Na patinagem artística, Yuzuru pode estar a dar os primeiros passos na hegemonia, mas já deixou a fasquia muito elevada.
Natural da prefeitura de Miyagi, que não o mentor de DanielSan, começou a patinar com quatro anos, em 1998, e soube sempre encarnar o desejo do pai, que queria para ele uma vida de trabalho árduo, com confiança, força e carácter. Habituado a ver o ucraniano Evgeni Plushenko na televisão (o patinador que faz furor no YouTube com um vídeo a dançar ao som de “Sex Bomb”, de Tom Jones), Yuzuru foi atrás da história.
Campeão olímpico em Sochi e mundial em Saitama (2014), já não tem provas para dar. E se este ano não foi além da medalha de prata nos Mundiais de Xangai em Março, o patinador arranjou forma de terminar o ano por cima.
A competir em casa, no Troféu NHK em Nagano, Yuzuru Hanyu estabeleceu um novo recorde mundial no programa curto em patinagem artística. A melhor marca já lhe pertencia (101,45 em Sochi) mas fez questão de dar um importante passo em frente e elevar o registo para 106,33 pontos ao som da Balada n.o 1 de Chopin. Durante a coreografia, Yuzuru fez dois saltos quádruplos e um triplo axel. “Senti que tinha de incluir os dois quádruplos no programa curto. Como campeão olímpico, achei necessário para me preparar para os Jogos de 2018”, explicou no final.
Conseguir o recorde não fazia parte dos planos mas a nova melhor marca é considerada uma consequência natural. “Estou feliz e surpreendido, mas sobretudo aliviado. Trabalhei muito para o conseguir”, afirmou. O segundo classificado, o chinês Boyang Jin (18 anos), terminou a praticamente 11 pontos de diferença – 95,64.