O governo de António Costa tomou finalmente posse. Assente num entendimento inédito entre os três partidos de esquerda (este tema merece só por si reflexão autónoma), provocará uma viragem radical na política económica. Fecha-se o capítulo da austeridade e abre-se um novo: este novo paradigma propõe aumentar o consumo interno para gerar mais emprego e mais arrecadação fiscal. Não é propriamente uma novidade, chama-se keynesianismo e foi a forma como os norte-americanos saíram da Grande Depressão. O perigo desta manobra é fazer disparar a despesa pública sem que se verifiquem os esperados resultados positivos na receita fiscal. Por outro lado, o aumento do consumo das famílias poderá prejudicar o bom andamento da balança externa. Mas a verdade é que não será o aumento do salário mínimo de 505 para 530 euros que provocará uma avalanche de consumo de veículos automóveis ou equipamento electrónico sofisticado…
Não há economista nenhum no mundo que consiga prever o futuro, quanto mais não seja porque ele depende de um conjunto alargado de factores. Pela mesma razão, ninguém pode antever o resultado desta política expansionista do PS. É preciso dar-lhe o benefício da dúvida. Se resultar (e esperemos que sim, a bem das pessoas), isso significará que o reequilíbrio orçamental e a redução da dívida pública – que são essenciais – se podem fazer de forma diametralmente oposta àquela que foi tentada nos últimos quatro anos. Em vez de martirizar os mais desfavorecidos com um empobrecimento forçado, talvez seja possível recuperar as contas públicas estimulando o consumo das famílias que vivem com mais dificuldades. O tempo mostrará.
Escreve à sexta-feira