Emojis

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A palavra do ano para os Dicionários Oxford não é uma palavra, mas um emoji. Confuso? Explicamos-lhe tudo.


hakespeare ainda deve estar a dar voltas no caixão. Na semana passada, os Dicionários Oxford apresentaram a sua escolha para a palavra do ano 2015. Por norma, ela recai em vocábulos que marcaram o ano: em 2012 foi GIF (sigla para Graphics Interchange Format), em 2013 foi selfie e, em 2014, vape (abreviatura de vapor e vaporizar que se generalizou devido ao aumento de utilizadores de cigarros electrónicos). Este ano, porém, o mundo foi apanhado de surpresa com a escolha dos Dicionários Oxford. Não foi uma palavra nem tão-pouco uma expressão, mas um emoji. Ou seja, uma espécie de boneco. “Escolhemos a ‘cara com lágrimas de alegria’ porque foi o emoji mais usado em 2015. Pela primeira vez, a palavra do ano dos Dicionários Oxford é pictográfica”, pode ler-se no comunicado da Universidade de Oxford, responsável pela eleição.Esta entidade acrescentou ainda que, apesar de os emoji existirem desde os anos 90, foi no último ano que se tornaram uma presença regular na vida das pessoas, deitando por terra barreiras linguísticas ou até geracionais. “Os emojis estão a tornar-se uma forma cada vez mais rica de comunicação, uma forma que transpõe as fronteiras linguísticas”, disse Caspar Grathwohl, presidente dos Dicionários Oxford.

Apesar de terem ficado para trás outros oito candidatos (Ad Blocker, Brexit, Dark Web, On Fleek, Lumbersexual, Refugiado, Economia Partilhada e They), as reacções negativas a esta escolha dos Dicionários Oxford não se fizeram esperar. Questiona-se, sobretudo, o porquê de ser escolhida para palavra do ano algo que nem sequer é uma palavra. E há quem vá mais longe, questionando se a Universidade de Oxford teria sido alvo de um hacker e até afirmando que isto é o “fim da civilização tal como a conhecemos”.

Mas afinal o que é um emoji? Segundo o mesmo Dicionário Oxford, é “uma pequena imagem digital ou ícone usado para expressar uma ideia ou emoção nas comunicações electrónicas”. Em português, a expressão mais indicada para descrever emoji será pictograma. O termo original, porém, provém do japonês – até porque foi criado por um natural do Japão, Shigetaka Kurita –, referindo-se o “e” a imagem e “moji” a palavra. Em “informatiquês”, os emojis derivam dos smileys e dos emoticons. Confuso?

O bem conhecido smiley foi criado pelo designer Harvey Ball em 1963, fruto da encomenda de uma companhia de seguros que queria melhorar o humor dos seus funcionários. A cara sorridente surgiu como logótipo desta seguradora, mas depressa começou a ser usada um pouco por todo o mundo, servindo de base aos emoticons que, juntamente com o advento dos telemóveis, vieram alterar drasticamente a forma como as pessoas comunicam.

Ou seja, o smiley é o primeiro dos emoticons, uma espécie de base a partir da qual todos os outros símbolos foram desenvolvidos. O termo emoticon surge das palavras inglesas emotion (emoção) e icon (ícone) e serve para expressar emoções através de uma sequência de caracteres tipográficos que criam imagens, como :’( ou ;-).
Já os emojis, apesar de terem sido criados em 1995 – ano em que Kurita desenvolveu um emoji de um coração para a companhia telefónica onde trabalhava incluir nos seus pagers e, desta forma, conquistar o público adolescente. Apesar de o símbolo ter sido bem recebido, apenas anos mais tarde Kurita recuperou a sua criação – desta feita para aplicar no projecto i-mode, uma plataforma de notícias, meteorologia e email. A primeira biblioteca de emojis contava com 176 imagens com 12 x 12 píxeis de resolução e foi automaticamente um sucesso no Japão. Em 2010, com o lançamento do iOS 4, a Apple adoptou estas figuras e a criação de Kurita conquistou o mundo, tornando-se mais fácil digitar um símbolo do que escrever uma palavra.

Actualmente, os emojis somam já inúmeras valências. Uma delas, por exemplo, é a Inviita, uma aplicação criada por portugueses que visa simplificar o planeamento de viagens e a partilha de roteiros personalizados. E para o fazer utiliza emojis. Esta é, aliás, “a única aplicação no mundo que pode ser pesquisada na app store através de emojis”, explicou a CEO da Inviita, Joana Baptista.

Esta aplicação pretende ajudar as pessoas a descobrirem novos locais ou até mesmo as suas próprias cidades, fazendo-o de acordo com o seu estado de espírito. Para tal, são usados emojis que representam dez estados de espírito: Foodie, Cool, Party People, Romantic, Artistic, Green, Beautiful, Spiritual, Ninja e Lucky. Em função da forma como se sente naquele dia, a aplicação cria um roteiro a pensar em si e no seu emoji. E depois ainda pode partilhá-lo nas redes sociais. Por exemplo, pode criar um roteiro Foodie em Nova Iorque ou ver o que pode fazer em modo Party People em Berlim. No final pode sempre enviar uma mensagem simples aos seus amigos: