Os fãs (e os cépticos, claro) estão todos à espera da estreia. “Batman vs Superman”, o filme de Zack Snyder (“Watchmen”, “Man of Steel” ou “300”), chega no ano que vem – 24 de Março –, mas só vai acontecer porque um dia Frank Miller decidiu dar nova vida ao super-herói, ainda que quase o tenha arrumado de vez para chegar onde queria. Em 1986, Miller assinou uma minissérie de BD em quatro números, “The Dark KnightReturns”, atribuindo a Bruce Wayne o negrume que hoje lhe é reconhecido. Depois de uma segunda parte publicada entre 2001 e 2002, está disponível amanhã o primeiro número de “Dark Knight III: The Master Race”, para assinar o final desta saga. Ou então ainda não é desta que a história acaba.
Primeiro, lembremos que “The Dark Knight” foi um marco histórico na evolução da banda desenhada dedicada aos super-heróis: histórias mais adultas, psicológicas e sombrias, em papel de maior qualidade e em livros com agrafos. Apareceu no mesmo ano em que Alan Moore, Dave Gibbons e John Higgins deram ao mundo “Watchmen”. Não foi a primeira vez que os quadradinhos revelaram esta personalidade, claro que não, mas foi uma estreia no campeonato das personagens mais populares dos comics, nas estrelas desenhadas desta dimensão.
Isto teve dois efeitos mais ou menos imediatos: primeiro, outros autores viram que isto era bom, do lado criativo e pela perspectiva comercial – daí até seguirem o mesmo princípio com outros heróis foi preciso pouco tempo; segundo, Batman transformou-se numa personagem mais enigmática, perigosa, agressiva, problemática e, graças a tudo isto, ficou muito mais interessante. De tal maneira que nunca mais o apelo de Bruce Wayne vestido para matar desapareceu.Em 88, dois anos depois, Alan Moore lançou “The Killing Joke”, um graphic novel com O Joker como protagonista.E em 1989 surge o primeiro “Batman” de Tim Burton, com óbvias influências destes dois livros.
Uns quantos erros cinematográficos depois, Batman regressou já no século XXI para uma nova trilogia, a de Christopher Nolan. E que ninguém se atreva a dizer que o nome “Dark Knight” está associado aos filmes por acaso. Até porque as duas histórias envolvem passado e presente, um aparente fim e um inevitável recomeço.
Em 1986, Frank Miller deu a Batman uma hipótese de regressar ao activo, depois da morte de Robin e já com mais de 50 anos. Sem tempo – muito menos cabeça – para trivialidades, as desventuras de Bruce Wayne são mais intensas e menos tolerantes. Two-Face e O Joker estão entre os vilões de uma história que termina num confronto com oSuper-Homem (o governo americano não gosta do regresso de Batman). Há uma morte encenada e uma retirada para as sombras. Bom para nós. E a coisa continua assim em 2001 e “The Dark Knight Strikes Again”, com Bruce Wayne a reaparecer, três anos depois, a lutar por Metropolis, contra Lex Luthor e também contra Dick Grayson, o primeiro dos Robin mas que entretanto perdeu o juízo.
Este segundo capítulo não foi tão bem recebido e em 2010 FrankMiller fez “HolyTerror”, sobre um vingador em luta contra fundamentalistas islâmicos.Não era Batman mas quase foi, e isso nunca foi bem compreendido pelos fãs.
Daí a expectativa em relação a este “Dark Knight II”. O primeiro número de uma série de 3 apresenta-nos a Master Race, ao que parece o nome de um grupo de vilões com jeito para a maldade. Há personagens familiares que regressam, mas a história fica por contar, que os spoilers nunca foram bem vistos neste universo. O que já se sabe é que o número dois está à venda a 23 de Dezembro e que Frank Miller já deu pistas sobre um eventual “Dark Knight #4”. O fim é o princípio é o fim, já dizia o outro.
Dark Knight III: The Master Race #1
de Frank Miller, Brian Azzarello (história), Andy Kubert e Klaus Janson (arte)
(DC Comics)
Preço: 5,70€ (DC.com)