"A política sem risco é uma chatice, e sem ética é uma vergonha.”
Francisco Sá Carneiro
Partindo do princípio de que o Presidente da República vai indigitar António Costa para formar governo, o próximo primeiro-ministro vai ter à sua frente uma espécie de 12 trabalhos de Hércules.
António Costa, se queria continuar na política, afinal a sua vida, tinha de arriscar tudo dando o passo em frente. Se ficasse quieto, desaparecia.
Assim, a confirmar-se a sua nomeação, o “teste Bruxelas” vai certamente determinar a duração deste futuro governo. Se houver alguma complacência, será possível prever uma meia legislatura.
Se tal não acontecer, se a directiva de Bruxelas for a da inflexibilidade, não apostaria em mais de um ano.
Para além deste teste, e regressando aos trabalhos de Hércules, o futuro primeiro-ministro vai ter de manter sereno o seu ministro das Finanças, não vá ele ser um novo Campos e Cunha, que só aguentou quatro meses.
Vai ter de controlar a incontinência verbal de Catarina Martins e a esfuziante alegria de quem parece querer ser a maestrina deste coro a três vozes.
Vai ter de estar sempre atento ao prudente e desconfiado Jerónimo de Sousa. Na verdade, se o PCP/CGTP reconquistar os transportes urbanos para a esfera pública, já tem o seu prémio pelo sim a este governo.
A data que se assinala, 25 de Novembro, revela uma ironia.
Quarenta anos depois, o pêndulo do PS oscilou para a esquerda e o partido lidera hoje uma frente política que ajudou a derrotar em 1975. Mas já lá vão quatro décadas.
Escreve à segunda-feira