O banco BBVA reviu em baixa a estimativa de crescimento para este ano, prevendo agora que a economia portuguesa cresça 1,5% em 2015, admitindo que a instabilidade política possa travar a procura interna, o principal motor de crescimento.
“A surpresa negativa do Produto Interno Bruto (PIB) no terceiro trimestre e o enfraquecimento dos suportes da economia, quer internos, quer externos, levam-nos a rever em baixa a nossa previsão de crescimento para este ano”, em “0,5 pontos percentuais para 1,5%”, afirma o BBVA numa análise económica a Portugal divulgada hoje. Esta estimativa fica abaixo do crescimento de 1,6% estimado pelo Governo de Pedro Passos Coelho para 2015.
Os economistas do banco espanhol apontam para um crescimento em cadeia à volta de 0,2% no último trimestre do ano, o que, a verificar-se, representará “uma estagnação na segunda metade do ano”, contrastando com as previsões do BBVA de há três meses, quando se estimava “um ritmo de recuperação estável ou inclusive com alguma aceleração”.
“A procura interna continuará a ser o principal motor de crescimento, embora um prolongamento da incerteza política possa vir a travá-la”, alerta o BBVA.
É que, escrevem os economistas, “os principais factores subjacentes ao crescimento mantiveram-se (baixos preços das matérias primas, política monetária acomodatícia, ausência do ajustamento fiscal) e vão continuar a apoiá-lo, mas produziu-se uma maior deterioração do ambiente global e um forte aumento da incerteza política a nível nacional”.
Nesse sentido, “apesar de um euro um pouco mais débil”, o BBVA espera “um menor dinamismo das exportações, que irão minar as decisões de investimento num contexto de moderação da procura doméstica, e uma maior incerteza”.
Segundo os analistas, é essa incerteza que explica também a forte revisão em baixa da previsão do BBVA para o crescimento económico em 2016, em 0,7 pontos percentuais, de 2% para 1,3%.
Além disso, o BBVA continua a estimar que Portugal registe um défice de 3,1% do PIB este ano, considerando que o “desempenho das receitas e despesas dos últimos meses do ano põe em perigo não só as previsões de défice oficiais (Governo: 2,7%), mas também a saída do Procedimento de Défice Excessivo”.
Há cerca de uma semana, o Instituto Nacional de Estatística divulgou que a economia portuguesa estagnou no terceiro trimestre de 2015, após um crescimento em cadeia de 0,5% no segundo trimestre, devido sobretudo ao contributo negativo da procura interna (pela redução do investimento).
Lusa