Apesar de 19 países, incluindo os aliados da Síria, terem apontado o dia 1 de Janeiro de 2016 como o prazo para se iniciar um processo de negociações políticas no país com vista a pôr fim à guerra civil de quase cinco anos, Bashar al-Assad disse ontem que nenhum processo vai começar enquanto a Síria estiver ocupada por terroristas.
Em entrevista à televisão estatal italiana, o presidente sírio garantiu que a contagem para se convocarem eleições “só vai começar quando se começar a derrotar o terrorismo”, em claro contraste com o acordo anunciado no fim-de-semana passado, quando 19 países, incluindo a Rússia, aliada de Assad, subscreveram um comunicado da ONU em que é exigido um cessar-fogo até 14 de Maio de 2016 e eleições livres um ano depois.
Para que pudessem apresentar essa mensagem unificada, avançava ontem a BBC, nem o governo sírio nem a oposição considerada moderada foram convidados a participar no encontro. Aguerra civil da Síria, que já provocou centenas de milhares de mortos e milhões de refugiados e deslocados, completa cinco anos em Março próximo.
À hora a que a entrevista de Assad era transmitida na televisão, as forças russas intensificavam a campanha de bombardeamentos aéreos a bastiões do autoproclamado Estado Islâmico (Daesh, na sigla árabe) com mísseis cruzeiro disparados de bombardeiros de guerra enviados para a Síria após os atentados de sexta-feira em Paris e após o governo russo ter confirmado que o voo que caiu na península do Sinai a 31 de Outubro foi alvo de um atentado com bomba perpetrado pelos jihadistas.
Por causa dessa frente russo--francesa que tem destruído alvos do Daesh na Síria, o comando do grupo terrorista está agora a pedir aos recrutas que se radicalizam na Europa que não partam para a Síria. “Temos informações credíveis de que o comando do Daesh pede aos novos recrutas que se dirijam para a Líbia, sobretudo desde os ataques russos”, disse à AFP Mohamed Dayri, ministro dos Negócios Estrangeiros do único governo reconhecido da Líbia. Desde a deposição de Muammar Kadhafi, o país é um Estado falhado, onde os militantes do Daesh já actuam há vários meses.