Judeus voltaram a estar na mira do Daesh nos ataques em Paris

Judeus voltaram a estar na mira do Daesh nos ataques em Paris


Sala de concertos do Bataclan, propriedade de judeus, era há anos alvo de grupos jihadistas.


Contrariamente ao que se pensava, a histórica sala de concertos Bataclan pode não ter sido um alvo aleatório nos ataques de há uma semana. Ao reivindicar os atentados terroristas em Paris, o local do pior massacre da noite, com 89 mortos, foi descrito pelos fanáticos do Estado Islâmico (Daesh) como um lugar onde se reuniram centenas de “idólatras numa festa de perversidade”. Entretanto, a revista francesa “Le Point” revelou que o Bataclan é há anos alvo de grupos anti-semitas, não apenas por os proprietários serem judeus mas por terem recebido ali alguns eventos pró-Israel.
O “Times of Israel” tinha já citado um membro de um outro grupo jihadista, o Exército do Islão, que disse ter informado os serviços secretos franceses, em 2011, de que o grupo que integrava “tinha já planeado um atentado contra o Bataclan porque os seus donos são judeus”.

Na sexta-feira à noite, a banda norte-americana Eagles of Death Metal dava um concerto naquela sala quando, empunhando metralhadoras, três militantes do Daesh invadiram o espaço e dispararam indiscriminadamente sobre os presentes antes de se fazerem explodir. Outro dos alvos nessa noite foi o restaurante La Belle Equipe, na rue Charonne; entre os 19 mortos estava Djamila Houd, que morreu nos braços do marido, Gregory Reibenberg, judeu e proprietário do restaurante.

Entretanto, um professor de uma escola judaica em Marselha foi esfaqueado na noite de quarta-feira por três pessoas que gritaram insultos anti-semitas e expressaram a sua lealdade ao Daesh. Segundo o procurador do Ministério Público francês, Brice Robin, os atacantes passaram em motas junto à casa da vítima, a curta distância da escola e da sinagoga.
O homem de 57 anos usava um kippa (solidéu judaico) e os atacantes obrigaram-no a ver fotografias num telemóvel – imagens do jihadista de Toulouse, Mohamed Merah, que, em 2012, matou a tiro três crianças judias, um professor e três soldados em França. Mostraram-lhe ainda “uma T-shirt com o logótipo do Daesh antes de o esfaquearem nos braços, nas pernas e no estômago”, disse Robin. Sobreviveu aos ferimentos e foi levado para o hospital. Os atacantes fugiram quando a polícia chegou ao local.

Há um mês, um homem tinha já encurralado três judeus, esfaqueando um deles, perto da mesma escola e sinagoga de Marselha, enquanto proferia insultos anti-semitas.