O voto contra o projecto de resolução do PSD/CDS sobre a “reafirmação dos principais compromissos europeus” não está a ser considerado pelo PS, que concorda com o que está escrito no texto da direita, ao contrário do PCP e do BE.
A divisão europeia da esquerda será exposta hoje no parlamento. Ainda assim, o PS diz que o projecto da direita estreita-se numa “visão financista” da Europa. Ontem ao fim do dia, os socialistas ainda tinham tudo em aberto, incluindo o desafio ao PSD para introduzir no seu texto o que o PS também defende. Vitalino Canas diz ao i que o projecto de resolução “é muito insuficiente porque os compromissos europeus têm também uma vertente social” que não consta na “visão financista da Europa” que diz traduzir o projecto PSD/CDS. Ainda assim, “o voto contra não está em cima da mesa”.
O texto da direita quer a “reafirmação” de sete pontos com que o PS concorda: União Económica e Monetária, cumprimento dos tratados, união bancária, os tratados de Lisboa e Orçamental, o Pacto de Estabilidade e Crescimento e a rejeição de propostas de reestruturação unilateral da dívida.
No BE, Jorge Costa insiste que há uma “agenda de empobrecimento” da UE e “o PS fez um acordo (com PCP e BE) onde assegura a interrupção desse ciclo. Isso significará pressões fortes das instituições europeias que o BE assegura que o governo (apoiado pela esquerda) tem maioria no parlamento para travar”. OBloco votará contra, bem como o PCP, e a deputada Paula Santos diz que o projecto da direita visa “descredibilizar” o acordo da esquerda, que passou ao lado desta matéria em que PS está longe da ruptura defendida por PCP e BE. A deputada frisa que a iniciativa, mesmo aprovada, “não tem qualquer consequência prática”. Já o resultado político é evidente: entre as matérias em que amanhã a esquerda estará do mesmo lado, haverá esta em que PS estará ao lado da direita que quer derrubar com a esquerda.