Governo. Banqueiros não se opõem a Costa

Governo. Banqueiros não se opõem a Costa


Ouvidos pelo Presidente da República, os banqueiros não hostilizaram soluções governativas, mas Ulrich, do BPI, disse “confiar” num governo de António Costa.


“A garantia da estabilidade do sistema financeiro” foi o ponto de concordância entre as diversas individualidades ouvidas ontem pelo Presidente da República, todos eles com altas responsabilidades na banca. À saída de Belém, não falaram de soluções governativas, mas todos confiaram na decisão que vier a ser tomada sem manifestar hostilidade por qualquer solução de governo. Nuno Amado, presidente executivo do Millennium BCP, manifestou-se “confiante” que “um futuro novo governo” tenha em conta a necessidade de se manter “uma certa estabilidade de enquadramento dos regimes fiscais de Portugal para que a confiança e o investimento possam continuar”. Mais específico sobre matéria política foi Fernando Ulrich, presidente da comissão executiva do BPI, que manifestou total confiança num governo chefiado por António Costa: “Se porventura o dr. António Costa for indigitado para ser o próximo primeiro-ministro, eu, pessoalmente, confio no dr. António Costa e no Partido Socialista que terão o sentido de responsabilidade necessário para manter o país num caminho de rigor e de garantia de estabilidade no sistema financeiro”, afirmou.

Curta foi a intervenção do presidente da comissão executiva da Caixa Geral de Depósitos, José de Matos, que destacou a necessidade de ver salvaguardada a estabilidade do sistema financeiro: “Eu não vou responder a perguntas, mas terei todo o prazer em declarar-vos que tive a oportunidade de falar com o sr. Presidente da República sobre a situação do sistema financeiro e, em particular, na perspectiva da Caixa Geral de Depósitos e, portanto, referir como nos parece importante salvaguardar as condições de estabilidade para o sistema financeiro e a estabilidade macroeconómica em geral para o país”, disse José de Matos.

Vieira Monteiro, presidente da comissão executiva do Santander Totta, disse ter transmitido a Cavaco Silva que considera fundamental “a justiça social para o desenvolvimento do país” e a diminuição do desemprego. Vieira Monteiro disse ainda que “Portugal necessita de ter um governo forte e estável e que cumpra as suas obrigações internacionais”.

Economistas e partidos O Presidente da República prossegue hoje a sequência de audiências, desta vez a economistas e ex--ministros das Finanças, como é o caso de Bagão Félix, que ocupou aquela pasta no governo de Santana Lopes e integra o Conselho de Estado. Também Teixeira dos Santos, ex-ministro das Finanças de José Sócrates, será ouvido por Cavaco Silva, assim como Vítor Bento (ver texto ao lado). São três dos sete economistas que hoje vão estar em Belém. No dia seguinte, Cavaco ouvirá os partidos com representação parlamentar, encerrando as audições.