Esquerda falta a reunião sobre 25 de Novembro. É o PREC, diz a direita

Esquerda falta a reunião sobre 25 de Novembro. É o PREC, diz a direita


PS diz que faltou porque não quis ser “cúmplice” de “jogatana política”. PSD e CDS dizem estar “perante o PREC” ou a “reedição da Frente de Unidade Revolucionária”.


O PSD e o CDS estiveram ao início da tarde à espera da reunião do grupo de trabalho que ia decidir sobre a comemoração dos 40 anos do 25 de Novembro, mas as restantes forças partidárias não compareceram. Ferro Rodrigues disse que ainda espera um relatório até amanhã, depois de ter ouvido as queixas da direita sobre o “Processo Revolucionário em Curso”

O grupo de trabalho tinha sido proposto na quarta-feira, em conferência de líderes, pelo presidente da Assembleia da República, depois de uma carta a pedi-lo, enviada pelo PSD e o CDS. A primeira reunião estava prevista para hoje, mas só os democratas-cristãos e os sociais-democratas se fizeram representar, porque o PS, PCP, e PEV decidiram durante a manhã não aparecer.

“Podemos mesmo dizer que estamos perante o Processo Revolucionário em Curso”, atirou Nuno Magalhães logo no arranque dos trabalhos parlamentares. O líder da bancada do CDS notou que “PCP e BE desertaram desta reunião” e, "mais surpreendente", que “o PS também não apareceu, nem deu justificação. É mau sinal, Trata-se de desautorização, descriminação e de desrespeito pelo presidente da Assembleia da República”. No PSD, Sérgio Azevedo também apontou o “desrespeito” pelo presidente e acrescentou: “Aos 34 anos nunca pensei assistir novamente à reedição da Frente de Unidade Revolucionária.” Ao PS ainda acusou de estar “acorrentado ideologicamente pelo PCP e pelo BE, situação que não só envergonha a democracia como os fundadores do PS”. 

Carlos César respondeu, da bancada do PS: “Não estamos acorrentados a ninguém, nem ao PCP, nem ao BE e nem ao PEV, mas muito menos a quem nessa altura fez muito menos pela liberdade do que fez o PS.” Carlos César acabou por justificar a ausência do PS, argumentando que não existem precedentes da comemoração desta data e que o PS “não será cúmplice de exercícios lúdicos, gratuitos, inúteis e quase infantis”. O líder parlamentar do PS considerou que a proposta do PSD e CDS de comemorar os 40 anos do 25 de Novembro nesta altura “visa apenas a jogatana política”.

Depois de uma troca de palavras tensa entre as bancadas da direita e o PS, Ferro Rodrigues explicou que a carta do PSD e CDS chegou há dois dias e que só “durante a manhã de hoje” foi informado que PS, PCP, BE e PEV não iriam enviar representantes ao grupo de trabalho presidido pelo vice da Assembleia da República Jorge Lacão. “Lamentei, porque podiam ter dito ontem, que teríamos escolhido outro método”. Ainda assim, Ferro afirmou que aguarda o relatório que Lacão terá de lhe fazer chegar amanhã, antes de tomar qualquer decisão.