VW. Afinal, a Autoeuropa  também está envolvida na manipulação de CO2

VW. Afinal, a Autoeuropa também está envolvida na manipulação de CO2


Nova descoberta de manipulação vem contrariar o discurso da fábrica de Palmela ao garantir que não estava envolvida nos escândalos do grupo.


A Autoeuropa volta a estar envolvida em mais um escândalo do grupo Volkswagen (VW). Depois de a SIVA, representante em Portugal das marcas Volkswagen, Audi e Skoda, ter admitido que a fábrica de Palmela produziu vários modelos com dispositivos que falseavam os resultados das emissões de gases poluentes, nomeadamente nos modelos produzidos nas suas instalações – Eos, Scirocco e Sharan –, agora é a vez de a Autoeuropa ser atingida pela manipulação das emissões de dióxido de carbono (C02).

O VW Scirocco a gasóleo, com motor 2.0 litros, produzido exclusivamente pela fábrica de Palmela, é um dos modelos que integram a lista das viaturas adulteradas para falsear a emissão de óxido de azoto. Este modelo deveria ser colocado no mercado no final deste ano. 

Recorde-se que, a juntar à lista dos 11 milhões de carros a gasóleo manipulados, surgiram este mês 800 mil carros – dos quais 98 mil seriam a gasolina – envolvidos na manipulação de emissões poluentes . O grupo alemão reconheceu entretanto que a maioria destes carros se encontra a circular nos países europeus, mas ainda não revelou marcas, modelos e geografias em causa.

Discurso contraditório O que é certo é que o envolvimento da Autoeuropa nestes escândalos acaba por contrariar o que várias vezes foi dito pela fábrica de Palmela desde o início da crise, em Setembro. Contactada na altura pelo i, a administração da Autoeuropa garantiu várias vezes que não estava envolvida nestes casos de manipulações de emissões.

Também a comissão de trabalhadores afastou responsabilidades no caso, alegando sempre que era um caso inédito e que na Autoeuropa, tal como acontece em todas as fábricas da VW, “pegavam” no motor que vinha da fábrica em que era produzido. “O motor já vem completo. A única coisa que era acrescentada para que o motor trabalhasse eram peças como o alternador e a caixa de velocidades”, salientou. 

Mais tarde, e depois de se tornar público o envolvimento da Autoeuropa nestes casos, o representante da comissão de trabalhadores garantiu ao i que não sabia como iria a marca resolver a situação. “Já assistimos a casos em que há problemas com determinadas peças de modelos que são vendidos, e estes casos são simples de resolver. Os proprietários desses veículos são chamados à fábrica para que essas peças sejam substituídas. Mas esta situação é diferente, estamos a falar da instalação de um chip que serve para deturpar informações”, referiu.

 Também o próprio ministro da Economia, Pires de Lima, se mostrou em Setembro confiante em relação à credibilidade da fábrica em Portugal, ao afirmar que “a informação que tem da Autoeuropa é a de que os carros montados na fábrica de Palmela não tiveram a incorporação de motores sob suspeita no âmbito do escândalo que afecta o grupo alemão Volkswagen”, acrescentando ainda que a maior parte dos automóveis que saem da Autoeuropa são para exportar – um argumento que foi muitas vezes repetido pela administração da fábrica de Palmela, mas que se viu obrigada a mudar perante a sua envolvência no caso das manipulações. 

A verdade é que a crise já se está a sentir na produção da Autoeuropa. A fábrica produziu 9701 carros em Outubro, o que representa uma quebra de 12,1% face ao mesmo mês do ano anterior, quando produziu 11 040 veículos, revelaram os últimos dados da Associação Automóvel de Portugal (ACAP).