O Presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, vetará qualquer projecto de lei apresentado pela maioria republicana para limitar a entrada de refugiados sírios na sequência dos atentados terroristas de Paris, avançou esta quarta-feira a Casa Branca.
A Câmara dos Representantes deverá votar até quinta-feira a resolução 4038, que pretende bloquear os planos da administração norte-americana de acolhimento de 10.000 refugiados sírios no próximo ano.
"Atendendo às vidas em jogo e à importância para os nossos parceiros do Médio Oriente e da Europa da liderança norte-americana na abordagem da crise de refugiados da Síria, se o Presidente for confrontado com o projecto de lei 4038, vetá-lo-á", anunciou a Casa Branca.
Barack Obama criticou, de manhã, o que classificou de “histeria” doméstica nos Estados Unidos sobre os riscos da chegada de refugiados sírios, acusando os seus rivais políticos de terem medo de “viúvas e órfãos”.
“Não tomamos boas decisões se forem baseadas na histeria e num exagero dos riscos”, afirmou Obama, depois de 26 dos 50 governadores de estados norte-americanos terem anunciado que pretendiam suspender o programa de acolhimento de refugiados sírios.
“Aparentemente têm medo das viúvas e órfãos que chegam aos Estados Unidos”, disse o Presidente dos EUA.
Na terça-feira, a Casa Branca contactou mais de 30 governadores, junto dos quais defendeu os seus procedimentos para o acolhimento de refugiados sírios, garantindo que são praticados os escrutínios “mais rigorosos”.
O Governo norte-americano respondeu assim à recusa de dezenas de estados, na sua maioria com governadores republicanos, em acolher refugiados, alegando motivos de segurança após os atentados em Paris, na sexta-feira passada, em que morreram 129 pessoas e 350 ficaram feridas. Os atentados foram reivindicados pelo grupo extremista Estado Islâmico.
O presidente da Câmara dos Representantes (câmara baixa do Congresso norte-americano) pediu na terça-feira uma pausa no programa de acolhimento de refugiados sírios nos Estados Unidos, alegando preocupações ao nível da segurança após os atentados de Paris.
“A nossa nação tem sido sempre acolhedora, mas não podemos deixar que os terroristas tirem vantagem da nossa compaixão”, disse o republicano Paul Ryan, eleito em finais de Outubro para o cargo, em declarações aos jornalistas, depois de um encontro com os representantes republicanos no Capitólio (sede do Congresso).
“Pensamos que a atitude prudente e responsável é fazer uma pausa neste aspecto específico do programa de refugiados, de forma a verificar que os terroristas não estão a tentar infiltrar-se na população de refugiados”, acrescentou.
Para o líder republicano, “neste momento, é melhor prevenir do que remediar”.
Em Setembro, Barack Obama anunciou que pretendia acolher até 10 mil refugiados sírios até Setembro de 2016, contra os 1.800 verificados desde 2011.
Lusa