Governo. Presidente prolonga tabu e continua audições

Governo. Presidente prolonga tabu e continua audições


Uma semana depois da queda do governo, PR regressa da Madeira para ouvir os banqueiros.


Em plena crise política, depois do chumbo do programa do XX Governo Constitucional, liderado por Pedro Passos Coelho, o Presidente da República desvalorizou ontem na Madeira a crise actual em comparação com outras (1987 e 2011), desdramatizando até a morosidade deste processo de audições. 

Depois de chumbado o programa do governo no parlamento e volvidos que estão sete dias, Cavaco lembrou os cinco meses em que esteve, enquanto primeiro--ministro, em funções num governo em gestão e alertou para as decisões tomadas por este tipo de governos, apesar de constitucionalmente diminuídos nas suas competências.

Antes de partir para a Madeira na semana passada, dois dias depois da votação da moção de rejeição ao governo de Passos Coelho, Cavaco Silva ouviu as confederações patronais (CIP, CCP, CAP e CTP) e no dia anterior tinha recebido o presidente da Assembleia da República, Ferro Rodrigues, bem como o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho.

Na sexta-feira, Cavaco Silva ouviu as centrais sindicais, CGTP e UGT, o presidente do Conselho Económico Social, a Associação das Empresas Familiares e o Fórum para a Competitividade. Este período de audições foi interrompido pela deslocação à Madeira, visita programada há algum tempo. Após esta visita de dois dias, Cavaco Silva irá receber hoje os presidentes dos principais bancos portugueses. Estas audiências, que decorrerão, segundo a agenda presidencial, entre as 9 e as 17 horas, iniciar-se-ão com o presidente executivo do Millennium BCP, Nuno Amado, seguido de Stock da Cunha, presidente do conselho de administração do Novo Banco, e de Fernando Ulrich, presidente da comissão executiva do BPI. Ainda de manhã, Cavaco receberá o presidente da comissão executiva do Santander Totta, Vieira Monteiro.

Já da parte da tarde, o Presidente da República ouvirá o presidente da comissão executiva da Caixa Geral de Depósitos, José de Matos, e depois o presidente do conselho executivo da Caixa Económica Montepio Geral, José Félix Morgado, seguido do presidente da Associação Portuguesa de Bancos (APB), Faria de Oliveira.

Cavaco Silva justificou este conjunto de audições e as que mais acontecerem, em declarações proferidas ainda na Madeira, com o objectivo de “recolher o máximo de informação junto daqueles que conhecem a realidade social, económica e financeira portuguesa, para depois dar indicações ao poder político português, qualquer que ele seja, quanto às linhas que permitam manter uma trajectória de crescimento económico, criação de emprego e acesso das empresas, do Estado e dos bancos às suas linhas de financiamento”.
Com Lusa