Têxteis e Calçado são sectores que mais beneficiam com acordo comercial entre UE e EUA

Têxteis e Calçado são sectores que mais beneficiam com acordo comercial entre UE e EUA


As empresas têxteis e do calçado são as que mais vão beneficiar com o Acordo de Comércio e Investimento União Europeia – EUA (TTIP), que prevê a “anulação” de direitos alfandegários para produtos daqueles sectores, acreditam empresários e responsáveis governamentais.


Em Barcelos, a participar num colóquio dedicado ao acordo entre aqueles dois blocos económicos, o embaixador dos Estados Unidos da América (EUA) em Portugal, Robert Sherman, deu conta de ser vontade da administração de Barack Obama "fechar" o acordo antes de acabar o último mandato como presidente daquele país, em 2016.

No evento, a directora-adjunta da Direcção de Relações Institucionais e Mercados Externos da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), Francisca Lucena e Vale, salientou que ultrapassado o "entrave" dos Direitos Aduaneiros as empresas portuguesas terão mais possibilidades de entrar no mercado norte-americano.

No mesmo sentido, o presidente do Grupo Kyaia (fabricante de calçado) afirmou que o TTIP é a "saída" para algumas empresas crescerem, enquanto o líder do grupo têxtil Impetus salientou a vantagem dos Estados Unidos em relação à Europa por ser "só um país" com um grande mercado.

"O maior benefício resultará dos direitos alfandegários que se prevêem que venham a ser anulados. Se houver alguma facilidade, conseguirmos ultrapassar alguns entraves e um deles são os direitos alfandegários, que se aplicam especialmente no sector têxtil e do calçado, com certeza que mais empresas terão possibilidade de entrar naquele mercado", afirmou Francisca Lucena Vale.

No seu discurso, a responsável da AICEP salientou que o mercado norte-americano é "muito relevante" para as empresas portuguesas, ao representar 4,4% das exportações portuguesas, 3.287 milhões de euros em exportações em 2014.

"Os sectores que mais beneficiam com este acordo são os sectores têxtil e do calçado", apontou.

Quanto ao andamento das negociações, o representante máximo do Governo norte-americano em Portugal apontou o término do mandato de Barack Obama como meta.

"Queremos que este acordo seja assinado antes de terminar a administração Obama", disse.

Do lado dos empresários, o líder da Kyaia, Fortunato Frederico, apontou o mercado dos Estados Unidos da América como um caminho para as empresas portuguesas.

"Vejo neste acordo a saída para crescer para muitas pequenas e medias empresas", até porque, salientou, "taxas de 14 a 28% inviabilizam muitos negócios" disse, lembrando que o mercado norte-americano já é significativo para a Kyaia.

"Em 2010 já não havia por onde crescer no mercado europeu e passamos a investir forte nos Estados Unidos. Hoje representa um quinto das nossas exportações", explicou.

Também para o presidente da Impetus o mercado norte-americano é atractivo tendo mesmo vantagens em relação ao europeu.

"Na Europa trabalha-se com muitos países e cada um tem a sua forma de trabalhar e isso dá muito trabalho. Os EUA são só um país e com um mercado muito, muito grande", apontou Alberto Figueiredo.

O gestor salientou também vantagens no acordo que está a ser negociado entre os dois blocos económicos.

"Vai tornar o mercado norte-americano mais acessível", referiu.

Lusa