Portugal saiu do Luxemburgo com a missão cumprida. A selecção nacional venceu por 2-0, apagou a má imagem deixada frente à Rússia e exibiu um conjunto de jovens com vontade de mostrar serviço. André André, o único no onze inicial que repetiu a titularidade relativamente ao jogo da passada semana, mostrou que continua em grande forma. O médio do FC Porto está na berra: manda no meio-campo do Dragão, marca golos decisivos de azul e branco e agora até pela selecção A já lhe tomou o gosto. André André tem 26 anos e, curiosamente, conseguiu o primeiro golo pela equipa das quinas 26 anos depois de o pai ter marcado com a mesma camisola. Para ajudar à festa no Luxemburgo, Nani fechou o resultado com um golo de livre directo, no dia do seu 29.º aniversário. Tudo está bem quando acaba bem.
Antes do apito inicial, como noutros jogos pela Europa fora, soou “A Marselhesa”, em homenagem às vítimas dos atentados de Paris – sem a dimensão das imagens emotivas que pouco depois chegariam de Wembley (70 mil espectadores a entoarem o hino gaulês no Inglaterra-França), mas igual na dimensão do gesto de solidariedade. O fim de tarde não augurava boas notícias, com o Alemanha-Holanda em Hannover adiado por suspeitas de terrorismo. Felizmente a noite europeia decorreu sem mais sobressaltos.
Portugal entrou em força, com dez minutos de grande intensidade que encostaram o Luxemburgo à sua área. Fernando Santos queria ver o carácter da equipa e esta mostrou que tinha ouvido com atenção o discurso do treinador. Depois de os sub-21 de Rui Jorge terem feito nova demonstração de poderio horas antes (vitória por 3-0 em Israel), os jovens da selecção principal também mostravam estar a correr por um lugar no Euro-2016. Desta vez não estava Gonçalo Guedes (18 anos) no onze, mas apareciam Raphäel Guerreiro (21), Ruben Neves (18), Bernardo Silva (21), Rafa (22) e Lucas João (22).
André André esteve perto do golo logo aos 2’. A supremacia lusitana fazia adivinhar uma vantagem no marcador, mas após algumas oportunidades desperdiçadas o fulgor foi-se perdendo. O mau estado do relvado também não ajudava a equipa com maior técnica, que neste caso era a portuguesa. O Luxemburgo teve o seu momento para brilhar, com boas defesas de Anthony Lopes aos 24’ e aos 27’. Depois voltou a normalidade, com Portugal a crescer e o golo a surgir sem grande surpresa. André André, a ponta-de-lança, desviou na grande área o cruzamento de Vieirinha. O pai, ex-internacional A e jogador do FC_Porto, precisara de dez jogos para marcar com a camisola da selecção. Foi em Março de 1989 e seria o seu único golo em 20 internacionalizações. O filho André André só precisou de quatro jogos para marcar e, a continuar assim, melhorará sem dificuldade o registo de golos do progenitor.
No último lance da primeira parte Lucas João falhou na pequena área, de forma incrível, o 2-0.
Poupanças Com um dérbi lisboeta a aproximar-se, e tendo em conta que este jogo era um particular, Fernando Santos acabou por ter uma atitude prudente e sensata, não dando a titularidade a nenhum dos cinco elementos de Sporting e Benfica. Gonçalo Guedes, João Mário e William só entraram no decorrer da etapa complementar, e ninguém se poderá queixar de cansaço no sábado em Alvalade.
O jogo continuava a ser dominado por Portugal e o 2-0 teimava em não chegar. Anthony Lopes ainda evitou o empate (75’) e já perto do fim Nani deu a si próprio um presente de aniversário: escorregou a marcar um livre mas a bola só parou no fundo das redes. Era o ponto final perfeito de um jogo sem grande história. A selecção venceu com mérito e, embora não tenha deslumbrado, também era irrealista exigir mais. A segunda linha mostrou a Fernando Santos que está disposta a dificultar a tarefa de escolher o lote de 23 para a fase final em França e a selecção despediu-se de 2015 com um triunfo.