Juros dos depósitos continuam a ser “devorados” pelos bancos


Remuneração é anulada pelas comissões e nem os lucros dos bancos alteraram esta situação, alerta DECO.


Perante os resultados financeiros dos bancos –  os quatro maiores lucraram até Setembro 603,6 milhões de euros, o que dá um lucro diário de 2,2 milhões por dia – a Associação de Defesa do Consumidor (DECO) quis saber que juros as instituições financeiras iriam pagar no caso de um cliente abrir uma conta para aplicar 2500 euros a um ano.  

A ronda feita a dez bancos permitiu chegar à conclusão que investir esse dinheiro “significa perder dinheiro, pois cobram mais em comissões de manutenção da conta do que os juros que vai receber”. No entanto, a DECO admite que nos bancos online não são cobradas estas comissões, o que os torna mais atractivos para aplicar as pequenas poupanças mas o rendimento fica abaixo da inflação. Feitas as contas, “em termos reais, quase nunca ganha”.

Tendo em conta que o rendimento médio de um depósito a 12 meses anda na casa dos 0,3% ao ano, ao fim de um ano terá aumentado o seu rendimento em 7,5 euros. “Menos do que precisaria de receber para fazer face à inflação prevista em 2016 (1,2%) e cerca de 5 a 11 vezes menos do que paga ao próprio banco para este guardar o seu dinheiro e usá-lo em benefício próprio, para se auto financiar”.
 
Perder ou não dinheiro As propostas de rendimento apresentadas variam entre 1,8 e 36 euros de juros. “Mas se subtrair aos respectivos montantes ganhos em cada banco, as comissões cobradas pela manutenção da conta à ordem, os custos podem chegar aos 83,2 euros. Já os saldos variam entre uma perda de 71 euros (no Banif) e um ganho de 36 euros (Banco Invest), diz.

Mas mesmo os que apresentam ganhos positivos abaixo dos 30 euros, por não terem comissões de manutenção, serão “engolidos” pela inflação. É o caso, por exemplo, dos bancos Best e Privado Atlântico Europa, apesar de proporcionarem juros de 27 euros.

De acordo com a DECO, a diferença entre ter um depósito a prazo “rentável” e perder dinheiro depende apenas do montante que pode aplicar. Abaixo de 5000 euros ou prazos até um ano, prepare-se para ver todo o seu rendimento “devorado” pela inflação ou pelas comissões bancária. “Quanto à primeira não há muito que possamos fazer, quanto às comissões, depende apenas do Banco de Portugal e do Parlamento controlá-las e limitá-las”, lembrando ainda que, lançou recentemente uma petição que contou com mais de 90 mil assinantes, motivada pela subida do comissionamento bancário, nos últimos 7 anos, em 56%. “Apesar disto, estas continuam a cobrar os valores que bem entendem”, refere.