Cavaco admite não dar posse a António Costa

Cavaco admite não dar posse a António Costa


Marco António Costa quer novo governo que não seja do PS e  Durão Barroso “chumba” programa de governo de António Costa.


O Presidente da República admitiu ontem na Madeira, não ser inédita, na política portuguesa pós-25 de Abril, a manutenção de um governo de gestão, admitindo essa possibilidade como uma solução já usada noutras circunstância de crise política e, nem por isso, inibidoras para o governo que precise de tomar medidas importantes.

“Eu, como primeiro-ministro de um governo, estive cinco meses em gestão”, afirmou o Presidente da República, questionado pelos jornalistas sobre a urgência de uma decisão política que dote o país de um governo. 

Cavaco Silva, que se encontra numa visita oficial à Madeira, lembrou as crises de 1987 e 2011 e instou os jornalistas a irem ver nos dois casos “quantos dias esteve o governo em gestão, o que é que fez o Presidente da República de então e quais foram as medidas importantes que esse governo de gestão teve de tomar”.

A reacção do PR não mostrou só desagrado pela ideia de ineditismo da situação, mas manifesta sobretudo a intenção de que  manter um governo em gestão não é de todo, na perspectiva de Cavaco Silva, uma hipótese que esteja afastada.
A direita parece animada e até concertada com esta possibilidade. Marco António Costa, porta-voz do PSD disse ontem que o país precisa de “um governo em plenitude de funções “, rejeitando, contudo, que esse governo fosse formado pelo PS, acusando essa solução de “golpe político” e de “fraude eleitoral”.

Também Durão Barroso, o ex-presidente a Comissão Europeia que em 2002 abandonou as funções de primeiro-ministro para ocupar aquele cargo criticou a possibilidade de Cavaco empossar um governo de António Costa “porque é uma solução que não tem credibilidade suficiente e não tem estabilidade suficiente”.

Já o primeiro-ministro em funções, Pedro Passos Coelho, recebeu em São Bento o ex-presidente do Conselho Europeu, o belga Herman Van Rompuy a quem comunicou que Portugal dentro de duas semanas teria novo governo.     

O exemplo de 1987 Cavaco Silva falou da situação que ele próprio viveu, noutro papel, em 1987, quando era, então, primeiro-ministro de um governo minoritário que acabava de ser chumbado com uma moção de censura, da autoria do PRD, liderado por Ramalho Eanes e Hermínio Martinho. 

A memória destes dias de 1987 levam-nos a um cenário político não muito distante, até pela linguagem usada pelos protagonistas de então. Era Mário Soares Presidente e a possibilidade de uma solução à esquerda era tema no Parlamento, refere na altura, Áurea Sampaio, jornalista do Diário de Lisboa, hoje directora-adjunta do Público. Cavaco Silva chama à solução “fraude política” tal como Passos Coelho fez na semana passada. A diferença é que nem Vítor Constâncio, nem Ramalho Eanes, então líderes do PS e do PRD respectivamente, e potenciais protagonistas de uma alternativa de governo, não tinham concorrido a eleições. Outra diferença substancial é a de que ao contrário do actual PR Cavaco Silva,  Mário Soares tinha então, como aliás teve Cavaco Silva em 2011, a possibilidade de dissolver o Parlamento, o que Mário Soares e Cavaco Silva acabaram por fazer. Soares a 28 de Abril de 1987,  ficando o governo em gestão cinco meses e 14 dias. Já em 2011, Sócrates ficou igualemnet em gestão  Situação diferente foi a de 2011.

Cavaco Silva PR aceitou a demnissão de José Sócrates a 21 de Julho de 2011 mas só foi substituído quatro meses depois, a 21 de Julho de 2011, por Passos Coelho, saído vencedor das eleições.  Com Lusa