Durão Barroso preocupado com fragilidade de executivo de esquerda

Durão Barroso preocupado com fragilidade de executivo de esquerda


Pior que um governo minoritário, disse Barroso, é “uma minoria suportada por partidos contra as políticas do consenso europeu”.


O ex-presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, manifestou-se esta segunda-feira preocupado com a fragilidade de um eventual governo de esquerda e considerou tratar-se de uma solução que "não tem credibilidade" para Portugal.

"Aparentemente, vamos ter um governo minoritário, o que não é bom, mas ainda pior, é uma minoria suportada por partidos que são totalmente contra as políticas que são do consenso europeu – crescimento da produtividade, compromisso com o euro, reformas estruturais", afirmou Durão Barroso.

O ex-presidente da Comissão Europeia, que falava na apresentação do estudo Portugal: Escolhas para o futuro' da consultora internacional McKinsey, que decorre em Lisboa, admitiu estar preocupado com a actual situação política, embora tenha frisado que a sua opinião "nada tem a ver" com as suas preferências políticas, uma vez que já não tem "uma vida política activa".

"Estou preocupado com a situação actual, não só por causa da instabilidade política e da solução que parece ser a encontrada, mas porque é uma solução que não tem credibilidade suficiente, não tem estabilidade suficiente, e era desejável que tivéssemos o apoio da maioria dos partidos políticos em Portugal e que houvesse um consenso", considerou Barroso.

Embora reconheça que a decisão do parlamento deve ser respeitada, o antigo presidente da Comissão Europeia assinalou que "o problema é a direcção" que o país poderá ter nos próximos tempos, de reversão das políticas de ajustamento que foram aplicadas nos últimos quatro anos.

"O problema é a direcção [que Portugal poderá seguir] e se lermos os acordos, o que temos até agora são alguns documentos de um acordo entre o PS e três diferentes forças políticas […] e até agora, todas as indicações vão no sentido de mudança de direcção; não é uma questão de grau do ajustamento, mas de reversão das políticas", referiu o ex-governante.

Durão Barroso alertou ainda para o facto de, no âmbito dos acordos assinados entre o PS, Bloco de Esquerda, PCP e Verdes, poderem ser revertidos os acordos de concertação social, bem como tudo o que foi feito em relação à legislação laboral, em particular, da função pública, dos transportes e outras.

"Eu estaria preocupado se estivesse na UGT, porque os acordos serão revertidos pela maioria no parlamento", disse.

Na opinião do antigo primeiro-ministro, e apesar de preocupado com uma futura governação à esquerda, "há margem para devolver aos pensionistas e aos trabalhadores algum do poder de compra que perderam durante a crise".

Lusa