E de repente


E de repente, como se não existissem tratados e declarações proclamando longa vida a uma Europa sem fronteiras, eis que regressa o Estado nacional soberano reerguendo a grandeza da sua autoridade e a força do seu poder.


 Foi um regresso feito à custa da morte e do sofrimento, mas que revela a falência de ideias e de teorias que têm governado a Europa e os seus povos. Podemos escolher palavras, encontrar justificações e até afirmar que nenhum muro pode impedir o surgimento do terror vestido de fanatismo e cego pelo ódio. Podemos mesmo questionar se algum dia estaremos completamente preparados para evitar novos atentados desta natureza, porém não podemos negar a evidência. E a evidência fala-nos de política, de políticas, de erros acumulados ano após ano, de opções decididas em nome de um irrealismo estonteante, que apenas nos conduzirá a sociedades mais securitárias e menos livres. Será fácil, e até conveniente, apenas culpar as balas assassinas e covardes que causaram as mortes ocorridas em Paris, mas não podemos continuar a desculpar aqueles que proíbem e perseguem quem diz não a uma globalização desregrada, quem disse não às opções seguidas no Iraque e na Líbia, quem disse e diz não a uma Europa de fantasia.

Onde está agora Schengen? Onde residem agora os teólogos do fim dos Estados nacionais? Onde se encontram hoje os fundamentalistas do novo pensamento único, que sempre se apressaram em classificar de extremistas e de radicais os que se bateram pela Europa das nações? Onde se situam no presente os que combateram em nome de um integracionismo espúrio, a possibilidade de uma Europa de cooperação feita por Estados soberanos? Onde estão? Estão protegidos nas muralhas dos Estados que quiseram destruir, guardados pelas forças de segurança e de defesa nacionais que quiseram implodir, sediados nos territórios ladeados de fronteiras que quiseram simplesmente apagar. É aí que estão! Alguns, como Blair, já vieram pedir desculpa, outros calam-se ou falam do alto da sua prosaica pose, entoando discursos vazios e ocos prometendo reacções drásticas a problemas que eles próprios ajudaram a alimentar. Dizem-nos que estamos em guerra e têm razão, só que se esquecem de dizer que foram eles que nos conduziram a esta guerra, quando na ligeireza das suas crenças, na futilidade das suas opiniões e na defesa de muitos interesses particulares e não comuns, abriram as portas à destruição da liberdade e da democracia. Uma liberdade e uma democracia que não podem viver sem Estados soberanos.

E de repente


E de repente, como se não existissem tratados e declarações proclamando longa vida a uma Europa sem fronteiras, eis que regressa o Estado nacional soberano reerguendo a grandeza da sua autoridade e a força do seu poder.


 Foi um regresso feito à custa da morte e do sofrimento, mas que revela a falência de ideias e de teorias que têm governado a Europa e os seus povos. Podemos escolher palavras, encontrar justificações e até afirmar que nenhum muro pode impedir o surgimento do terror vestido de fanatismo e cego pelo ódio. Podemos mesmo questionar se algum dia estaremos completamente preparados para evitar novos atentados desta natureza, porém não podemos negar a evidência. E a evidência fala-nos de política, de políticas, de erros acumulados ano após ano, de opções decididas em nome de um irrealismo estonteante, que apenas nos conduzirá a sociedades mais securitárias e menos livres. Será fácil, e até conveniente, apenas culpar as balas assassinas e covardes que causaram as mortes ocorridas em Paris, mas não podemos continuar a desculpar aqueles que proíbem e perseguem quem diz não a uma globalização desregrada, quem disse não às opções seguidas no Iraque e na Líbia, quem disse e diz não a uma Europa de fantasia.

Onde está agora Schengen? Onde residem agora os teólogos do fim dos Estados nacionais? Onde se encontram hoje os fundamentalistas do novo pensamento único, que sempre se apressaram em classificar de extremistas e de radicais os que se bateram pela Europa das nações? Onde se situam no presente os que combateram em nome de um integracionismo espúrio, a possibilidade de uma Europa de cooperação feita por Estados soberanos? Onde estão? Estão protegidos nas muralhas dos Estados que quiseram destruir, guardados pelas forças de segurança e de defesa nacionais que quiseram implodir, sediados nos territórios ladeados de fronteiras que quiseram simplesmente apagar. É aí que estão! Alguns, como Blair, já vieram pedir desculpa, outros calam-se ou falam do alto da sua prosaica pose, entoando discursos vazios e ocos prometendo reacções drásticas a problemas que eles próprios ajudaram a alimentar. Dizem-nos que estamos em guerra e têm razão, só que se esquecem de dizer que foram eles que nos conduziram a esta guerra, quando na ligeireza das suas crenças, na futilidade das suas opiniões e na defesa de muitos interesses particulares e não comuns, abriram as portas à destruição da liberdade e da democracia. Uma liberdade e uma democracia que não podem viver sem Estados soberanos.