Terrível Steve,  o magnífico

Terrível Steve, o magnífico


Primeiro facto, que pode estar a favor ou contra o filme: a história de Steve Jobs (que se confunde com a história da Apple, naturalmente) interessa sobretudo aos que estão a ler este texto e a pensar no iPhone que têm no bolso.


Nada contra, na verdade até faz sentido. Mas se não conseguir ir além dessa parte da população mundial – que ainda assim é grande, mas enfim –, não fica o filme de Danny Boyle longe de completar a tarefa a que se propõe? É capaz.

Porque, seja mais específico ou não,“Steve Jobs”, assim com aspas, é cinema, é entretenimento. Conhecemos bem o herói da fita (bom às vezes, mau noutras, um tipo dificilmente repetível) mas, na essência, é uma personagem. Daí que em algumas ocasiões seja tramado estarmos no meio da narrativa, porque quem a fez parte do princípio que há muito conhecemos o artista principal. Mas o reverso da medalha aqui é que quem faz filmes não tem de seguir regras e até sabe bem darmos de caras com esta atitude em modo “vocês sabem do que estamos a falar”. E o lado voyeur que todos temos vai levar-nos a ver, com muito gosto, de onde vem o génio de Steve Jobs e, ao mesmo tempo, como conseguia ser o pior ser humano do mundo; vamos aceitar a indústria pop como ela é e sentir um orgulho parvo a recordar a ascensão da Apple, ao mesmo tempo que concluímos que Kate Winslet vai muito bem, é o que ela faz melhor, e que até Seth Rogen está num bom lugar. Estão lá os tiques de Danny Boyle e as frases palavrosas de Aaron Sorkin, num filme que sobretudo quer dar espectáculo: convenhamos que Steve Jobs nunca teve tanta pinta como nesta produção (vai Fassbender, vai). 

“Steve Jobs”
****
De Danny Boyle 
Com Michael Fassbender, Kate Winslet, Seth Rogen, Jeff Daniels