Há quem considere que depois das primeiras medidas do governo do PS apoiado pela extrema-esquerda, o país acordará e se livrará de vez do populismo e da demagogia. Não estou assim tão certo e optimista. A razão para o meu pessimismo prende-se com comportamento do Bloco (BE) em todo este processo de reversão dos resultados das eleições, quando comparado com o do PCP. Essa diferença radica na forma, mas também no propósito e nos fundamentos dos dois partidos.
Enquanto Estaline preferiu centrar-se na governação da URSS, Trotsky não desistiu de exportar a revolução soviética. Queria semear o caos na Europa para depois criar um mundo novo. Sendo o BE de inspiração trotskista e o PCP um partido estalinista, compreende-se porque reagiram os dois de forma diversa ao desafio do PS.
Enquanto o PCP prefere manter o que tem, o BE visa exportar o caos que vai criar em Portugal. Foi assim com a Grécia, quando o BE alinhou com o Syriza e o PCP foi mais contido. Enquanto o PCP visa não perder influência, o objectivo do BE é estoirar com as contas públicas para depois culpar os mercados e exigir a saída do euro. Juntando-se Portugal à Grécia, é dado mais um passo para o colapso do euro. Há anos que o BE compara Portugal com a Grécia. Não interessa que seja falso; interessa que venha a ser verdade. Para serem dois, e depois a Espanha, e a seguir, quem sabe, a Itália.
Um por um, o objectivo é o caos sobre o qual se construirá um paraíso infernal. Acreditem: não haverá cura, mas muito sofrimento.
Advogado
Escreve à quinta-feira