Portas adverte Costa que lhe vai negar “socorro” quando estiver “aflito”

Portas adverte Costa que lhe vai negar “socorro” quando estiver “aflito”


“Nós já fomos os bombeiros do vosso resgate duas vezes, (…) não seremos cúmplices dessa consequência”, afirmou.


O vice-primeiro-ministro advertiu esta terça-feira o secretário-geral do PS de que não venha "pedir socorro" quando se vir aflito com PCP e BE, porque PSD e CDS-PP não serão bombeiros nem cúmplices da conduta de incendiário do regime

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"Conte apenas com a nossa coerência, e se mais à frente se vir aflito, se mais adiante não conseguir gerir a pressão explosiva – podem crer que será explosiva – da demagogia em competição entre o Bloco e o PCP, de um lado, e do realismo e dos compromissos em Bruxelas, do outro, não venha depois pedir socorro", declarou Paulo Portas numa intervenção no parlamento na discussão do Programa do XX Governo Constitucional.

Portas sublinhou que o líder socialista, António Costa, "será se o conseguir ser um primeiro-ministro politicamente ilegítimo é e tamanha a irresponsabilidade do que está a fazer que terá de resolver os seus problemas com a frente dos perdedores".(Corrige o segundo parágrafo substituindo a palavra "exclusiva" por "explosiva").

"Nós já fomos os bombeiros do vosso resgate duas vezes, a vossa conduta assemelha-se à dos pirómanos do regime, não seremos cúmplices dessa consequência", afirmou.

Para o vice-primeiro-ministro e líder do CDS-PP, o secretário-geral do PS escolheu os companheiros de viagem e um caminho "que é matematicamente possível, formalmente constitucional, mas politicamente ilegítimo" ao "impedir que governe a maioria relativa que venceu as eleições para forçar um governo da minoria relativa que perdeu as eleições".

Neste processo, quebraram-se pelo menos cinco convenções: a de que quem ganha as eleições governa o país, a de que o presidente da Assembleia da República emana do maior grupo parlamentar, que ao Governo saído das eleições é concedido o "benefício da dúvida" da aprovação do programa, que o regime é semipresidencial e não apenas parlamentar e de que "um país do euro não coloca o epicentro da governabilidade da dependência de partido e coligações que legitimamente não acreditam no euro ou querem sair do euro na primeira esquina".

"Quebrar tudo isto pode satisfazer os que acham que estão a experimentar o seu peculiar 1917 ou a viver o que julgam ser o seu privativo assalto ao Palácio de Inverno. Com todo o respeito, a esmagadora maioria dos portugueses não votou em nenhuma dessas aventuras", afirmou Portas, usando referências à Revolução de Outubro que levou os bolcheviques ao poder na Rússia e abriu caminho à formação do estado socialista da União Soviética.

Afirmando recorrer "ao direito à indignação", o vice-primeiro-ministro sublinhou que a "instrumentalização das instituições para servir objectivos de curtíssimo prazo e com natureza de facção é matematicamente possível, até pode ser formalmente constitucional, mas é seguramente politicamente ilegítima".

"O povo não se reconhece nesta fractura. Muitos democratas com opções de voto diferentes estão horrorizados ou simplesmente angustiados com as consequências. Os que sabem alguma coisa de história, sabem que o eixo da roda do regime mudou, deixando de estar levemente à esquerda do centro ou levemente à direita do centro, para aterrar vertiginosamente à esquerda da esquerda e claramente na periferia ou até em oposição às opções internais fundamentais que caracterizam o Portugal livre, democrático e europeu", sustentou.

Lusa