Passos: “Não é todos os dias que se sai do governo com o voto do eleitorado”

Passos: “Não é todos os dias que se sai do governo com o voto do eleitorado”


Primeiro-ministro lembra que a rejeição do programa só acontece pela “determinação do PS” e avisa que acordo assinado hoje entre a esquerda pode não ser suficiente para Cavaco Silva.


Passos Coelho assumiu o tom que vai dominar o guião do PSD e do CDS nos próximos tempoos e atirou para o PS a responsabilidade do programa do governo se rejeitado. O primeiro-ministro deixou um aviso, que surge em linha com aquela que pode ser a leitura de Cavaco Silva neste momento: "Esta maioria negativa tem a obrigação de se transformar numa maioria positiva. Os acordos assinados hoje não sustentam esta visão de maioria positiva", disparou Passos, no encerramento do debate do programa de governo. 

"Não acredito na coesão desta nova maioria. Desconfio que o país também não. Falta-lhe identidade, falta-lhe cimento. O que se anuncia é realmente um governo minoritário, um governo que se constitui em cima de uma soma de vontades minoritárias. A soma das parte é sempre diferente do todo. A soma do todo que se anunciar não vai além da soma das partes", afirmou Passos Coelho.  

E se o PS pensa que pode contar com a oposição construtiva do PSD e do CDS enagan-se. Passos foi claro. "O que vimos até hoje não é uma maioria positiva. Ela tem também de ser suficiente. Esta maioria que derruba hoje o governo está obrigada à suficiência parlamentar, seja para a acção e actividade corrente do governo, seja para as questões maiores de governação, como orçamentos de estado, Programas de Estabilidade, cumprimento de regras europeias", disse. E sintetizou: "Quem hoje derrubar um governo legítimo não tem legitimidade" para pedir apoio à oposição. 

Passos também falou para quem o acusa de estar agarrado ao poder. "Sempre disse que não abandonava o meu país. Lutarei no Parlamento. Não é todos os dias que se sai do governo com o voto do eleitorado".