Durante 3 anos de ocupação, os militares franceses roubaram as populações situadas em redor dos seus quartéis que se localizavam nos concelhos de Penacova e Vila Nova de Poiares. Os franceses roubaram cereais e animais, à excepção dos animais velhos, pois eram muito duros para comer. Assim, nasciam as primeiras receitas de Chanfana, confeccionada com cabra velha.
Outra versão é a de que terá sido inventada pelas monjas do Mosteiro de Semide que, para evitar que os franceses lhes roubassem os rebanhos, mataram os animais e os cozinharam. Como os franceses tinham envenenado as águas, as monjas utilizaram vinho para a sua confecção. Nenhuma destas versões tem fundamentação histórica e científica.
A Chanfana surgiu como forma de aproveitamento das partes da cabra que eram desperdiçadas. As classes sociais superiores confeccionavam as melhores “peças” do animal. Os mais desfavorecidos aproveitavam o que restava. Com o evoluir dos tempos a Chanfana de Vila Nova de Poiares começa a ser feita com as partes nobres da cabra velha, passando assim, de um prato de subaproveitamento a um prato gastronómico rico, indispensável nos maiores eventos festivos, tanto populares, como familiares (baptizados e casamentos). É assim um prato gastronómico de origem popular e, consequentemente existem poucos escritos {relacionados} que se pronunciam a seu respeito. Hoje em dia, é um dos pratos regionais mais afamados e é cozinhada nos caçoilos de barro preto, fabricados no concelho de Vila Nova de Poiares, onde se fundou a “Confraria da Chanfana”, mas curiosamente, é Miranda do Corvo que é conhecida por ser a “Capital da Chanfana” que terá nascido em Semide.
Chanfana à Moda de Coimbra
Ingredientes:
1,5 kg Carne de Cabra velha
0.75 dl de vinho tinto
6 cabeças de alho
louro q.b.
piri-piri q.b.
sal a gosto
pimenta preta q.b.
2 colheres de sopa de banha de porco
Confecção: de véspera limpa-se e corta-se a carne de cabra, coloca-se o vinho, o alho com cascas e socado, o louro, o piri-piri, o sal e a pimenta e reserva-se de um dia para o outro. Coloca-se na panela de pressão juntamente com a banha durante 1:30h a 2:00h, depois coloca-se numa panela de barro ou inox (se não houver de barro) e deixa-se apurar até servir. Acompanha-se com grelos ou outro legume verde cozido e batatas cozidas ou fritas.
Artigo escrito por Aptece ao abrigo da parceria com o Jornal i.