Passos: “Se tivesse perdido as eleições seguramente não me encontrava no sítio onde estou”

Passos: “Se tivesse perdido as eleições seguramente não me encontrava no sítio onde estou”


Primeiro-ministro lembrou que venceu as eleições e questionou legitimidade de António Costa para formar governo.


As bancadas do PSD e do CDS questionaram no arranque do debate do programa de governo a legitimidade de António Costa para formar governo. Anunciadas que estão as moções de rejeição do PS, PCP, BE e PEV – e consequente queda do governo, amanhã – Luís Montenegro, líder parlamentar da bancada do PSD, começou por questionar: "O que é que está por trás deste novo PS? Desta ambição desmedida?". 

A estratégia da coligação para este debate, que termina amanhã com a votação do programa, é clara: acenar com o risco de um governo de esquerdas e questionar a legitimidade do líder do PS para formar governo depois de derrubar a coligação de direita que saiu vencedora das eleições de 4 de Outubro, embora sem maioria absoluta. 

Luís Montenegro acusou o líder do PS de ser movido por uma "ambição desmedida" e de "desonestidade política e intelectual". E voltou a questionar: "Porque não tenta o PS fazer aquilo que sempre se fez na história da nossa democracia: a convivência. A simples convivência", desafiou o social-democrata. "Só estão à altura desta convivência quando é o PS a ganhar com maioria relativa? O PS de Costa é diferente do PS de Mário Soares? É diferente do PS de António Guterres? Será por isso, se calhar temos um PS diferente", ironizou.

O líder da bancada laranja lembrou que o PSD, ao longo da sua história, já viabilizou governos de maioria relativa do PS. "O dr. António Costa é muito diferente de Carlos Mota Pinto? De Rui Machete? De Marcelo Rebelo de Sousa? De Manuela Ferreira Leite?", atirou. 

Passos Coelho, sem resposta para as perguntas de Luís Montenegro aproveitou para alinhar na estratégia e picar o PS. "Se ganhando as eleições não tivesse assumido a responsabilidade de formar governo eu teria traido o voto dos portugueses. Se tivesse perdido as eleições seguramente não me encontrava sentando no sítio onde estou". E outra vez uma tentativa de colocar o PS no lugar. "Numa democracia como a nossa estar na oposição não é menos digno do que estar no governo".

O primeiro-ministro até já se consegue ver na oposição. "Cá estaremos para observar a consistência e o realismo destas opções", numa referência ao acordo entre PS, PCP, BE e PEV. 

Nuno Magalhães, líder do grupo parlamentar do CDS, na mesma linha, começou por felicitar o governo. "Os senhores ganharam as eleições. Os portugueses deram confiança ao senhor primeiro-ministro e ao senhor vice-primeiro-ministro". Depois, questionou o silêncio de António Costa no primeiro dia de dabte. Será que se está a aguardar para amanhã* Para o período de encerramento?", questionou. 

O líder da bancada centrista. recordou que "nunca um governo saido do voto popular teve o seu programa rejeitado na Assembleia da República". Magalhães lembrou o resultado da coligação PSD/CDS nas eleições de 4 de Outubro e sublinhou que "por vontade do povo seguíamos este caminho de recuperação e os sacríficios não seriam desrespeitados".