João, 44 anos
“Tento ter tranquilidade e paz de espírito diariamente para viver nesta situação.” O João tem sido sofrido de violência psicológica por parte da ex-mulher, que neste momento está com pena suspensa mas continua a persegui-lo. Recentemente riscou a porta de João por não o ter encontrado em casa. Almada, Outubro de 2014.
Angelina, 53 anos
“Fiquei tão aliviada quando ele foi apanhado pela polícia. Mas ainda tenho medo que tente matar-me depois dos 25 anos de pena. A única esperança que tenho é que Deus se lembre de mim.” Angelina viveu uma relação de 29 anos na qual sempre sofreu de abusos físicos e psicológicos. Depois do divórcio foi para uma casa de abrigo da APAV. No entanto, o ex-marido continuou a procurá-la durante anos. Em Abril de 2014 conseguiu tirar a pulseira electrónica (que controlava a distância que mantinha de Angelina), matou a mãe e tia da ex-mulher e tentou matar a filha. Angelina foi baleada na perna por duas vezes. O assassino conseguiu fugir durante 34 dias. Angelina continua com medo de que, passados os 25 anos de prisão, o ex-marido a queira matar a ela e aos filhos. Valongo dos Azeites, Vila Real, Outubro de 2014.
Catarina, 25 anos
“Se o ataque na garagem não tivesse acontecido, eu provavelmente nunca teria tido liberdade. Depois disto, a minha vida mudou imenso. Estou a viver com o meu namorado e acho que nunca fui tão feliz. Foi mesmo um ponto de viragem.” Depois de muitos anos de abusos físicos e psicológicos, o ex-namorado de Catarina tentou matá-la na sua garagem. Às 8h00 de um domingo, a mãe ouviu um barulho estranho e sentiu que alguma coisa estava a acontecer. Foi ela que conseguiu salvar Catarina. Alverca, Outubro de 2014.
Nicole, 20 anos
“Há uma grande diferença entre o presente e o passado. Há uma grande diferença entre ser feliz e estar em sofrimento. Agora sou casada com alguém que me ama.” Nicole foi vítima de abuso sexual e maus-tratos pelo ex--namorado quando tinha 11 anos de idade. Aos 12 engravidou e, durante esse ano, viu-se forçada a ficar em casa da família do ex-namorado, onde a obrigavam a fazer trabalhos domésticos e a maltratavam. “Eu não podia falar com a minha família, estava presa. Não me deixavam descansar. Batiam-me na cabeça e queimavam cigarros nos meus braços. Desmaiei várias vezes. Eles não gostavam de mim. Não se preocupavam com o facto de estar grávida. Nunca recebi amor e carinho deles.” Passados três meses do nascimento da filha, a irmã de Nicole, que já desconfiava do que se passava, conseguiu tirar Nicole e a bebé, Joana (à direita na fotografia), da casa da família do ex--namorado. Nicole casou anos depois com um homem que a ama e a trata bem (na moldura, ao seu lado). Rabo de Peixe, Açores, Outubro de 2014.
Miriam, 25 anos
“No final, só tenho boas memórias.” Miriam ficou traumatizada com o assassinato do namorado. Durante um ano, negava e não aceitava a morte dele. Miriam acreditava que um dia ele iria aparecer em casa. Para ela, tudo não passava de um pesadelo. “A realidade era mais difícil de aceitar que um pesadelo. Perder a ilusão de que ele estava vivo deixou-me sem esperança.” Mais tarde, Miriam começou a escrever um livro sobre o namorado, o que a ajudou a expressar os seus sentimentos. Esse facto e o apoio psicológico da APAV ajudaram-na a recuperar do trauma e da negação. Chelas, Lisboa, Setembro de 2014.