Duas finais de Taça numa só jornada? Espectáculo

Duas finais de Taça numa só jornada? Espectáculo


Domingo gordo na Liga com Benfica-Boavista e Porto-Vitória. Só o Arouca-Sporting destoa um pouco.


Coincidência. Das boas. A 10.a jornada do campeonato reúne duas finais de Taça no mesmo dia. É o domingo gordo, mais presente que nunca na ressaca de uma semana europeia. Na Luz é Benfica vs. Boavista. Nas Antas é Porto-Vitória. Duas finais de Taça, lá está.

Se o Porto-Vitória só tem uma edição, em 2006, resolvida com golo de Adriano, aos 40 minutos, o Benfica-Boavista tem mais história. E uma curiosidade: o Boavista leva vantagem no confronto directo (2-1), o que é contranatura. Sobretudo se tivermos em conta que o Porto, por exemplo, só tem uma final ganha ao Benfica em oito. Bola extra: a primeira decisão entre Boavista e Benfica joga-se em Alvalade.

Como é que é? Sim senhor. A 14 de Junho de 1975, há quarenta anos e tal, as duas equipas apresentam-se no estádio do Sporting cheias de pompa e circunstância. O público, esse, é que falha rotundamente.A culpa é repartida entre a FPF e a RTP. Tanto a Federação Portuguesa de Futebol como a Rádio Televisão Portuguesa entram numa comboiada insensata do vai não vai que acaba por não ir (dar em nada). A promessa da transmissão televisiva da final é um acto falhado, completamente falhado. Vai daí, os adeptos separam-se do futebol.

A decisão só é tomada perto da hora do jogo e assim não há (tele)spectador que resista. O resultado é um Alvalade às moscas para vibrar com uma final inédita entre o campeão nacional e o quarto classificado. O Benfica apresenta-se sem Artur, Humberto, Nené, Vítor Baptista e Artur Jorge; o Boavista tem o melhor treinador nacional de então.Sim, José Maria Pedroto. Fosse quem fosse o guarda-redes, os laterais, os médios ou o avançado, é ele (o Zé do Boné) a força motriz daquele Boavista.

Se dúvidas houvesse, dissiparam-se bem cedo, com dois golos de rajada. Um de Mané, aos 17’, outro de João Alves, aos 19’. Num abrir e fechar de olhos, o favorito Benfica vê-se a perder 2-0. O jugoslavo Mirolad Pavic substitui então Shéu por Ibraim mas o Boavista continua a mandar no xadrez do futebol. Pelo menos até ao intervalo.

Na segunda parte o Benfica esboça uma reacção em forma de golo de Jordão, aos 58’, e é tudo. A noite acaba com Pedroto a ser levado em ombros pelos seus jogadores. Aos 70 anos de vida, o Boavista completa a primeira grande façanha da história (e apura-se para a Taça das Taças pela primeira vez).Seguir-se-iam muitas mais, como a conquista da Taça no ano seguinte, de novo com Pedroto ao leme (outro 2-1, este ao Vitória, o de Guimarães, nas Antas). Se o ciclo se inicia com o Benfica, também se fecha com o Benfica. Só pode, é da praxe. Pois então, o último acto de felicidade extrema na Taça é também com o Benfica, em 1997. Um 3-2 de Mário Reis a Manuel José numa final, esta sim no Jamor. Pelo meio, na discussão entre benfiquistas e boavisteiros, aquele inesquecível 5-2 de Futre e C.a em 1993.

Benfica e Boavista, eis um, dois, três infinitos bons motivos para seguir uma intensa e particular rivalidade pari passu. E este com transmissão televisiva assegurada (sem FPF nem RTP metidos ao barulho).

Benfica-Boavista às 16h00 na BTV
Porto-Vitória (o de Setúbal) às 18h15 na SportTV1
Arouca-Sporting às 20h30 na SportTV1