Será que António Costa e o PS conseguem formar um governo alternativo ao actual até 9 ou 10 do corrente mês de Novembro? Todos se interrogam mas, numa operação cujo nome de código é “Tabu”, ninguém se chega à frente a proclamar a boa nova. Julgo que, se no final houver realmente um acordo de um mais dois ou de três, esta missão secreta coroada de sucesso será um êxito político invulgar para as forças envolvidas, que têm andado a deixar cozer em fogo brando o governo recentemente empossado, com horizonte limitado a 15 dias. (Por esta amostra, imagine-se um governo de gestão de alguns meses!)
Mas não é só o governo que anda às aranhas, é igualmente a comunicação social, sobretudo a colocada mais à direita (e é tanta, porque será?), que não consegue ter matéria para má-língua e se vai entretendo a mandar o barro à parede, tentando destabilizar as forças em presença, adiantando hoje que não haverá acordo e, mais logo, que afinal haverá, mas o PS está condicionado, e no dia seguinte que o BE comanda, ou que o PCP tenta fazer reverter a seu favor todo o acordo.
A verdade é que este tsunami que atravessa a política portuguesa, e que não é mais do que o prolongamento de uma situação profundamente legal e constitucional que, por várias razões, nunca se tinha apresentado possível até ao presente, tem agitado o ambiente e, sobretudo, tem demonstrado que novas soluções se podem encontrar no quadro constitucional e parlamentar, desde que os partidos tidos como de simples protesto passem a integrar um mais alargado painel do arco governamental.
Posto isto, até à data prevista, todos nos continuaremos a interrogar: será que vai ou não haver governo com acordo à esquerda? Se houver, esperemos que resulte. Se não houver, veremos quem vai ficar com o ónus do fracasso. Além de que ainda subsiste a dúvida metódica: qual será a reacção do Presidente da República se receber em mãos um acordo firmado?
Tanta questão a ser resolvida nos próximos dias.
Resolvida ou não, que seria o caso mais catastrófico.
Escreve à sexta-feira