Moscovo condena caricaturas da Charlie Hebdo sobre queda do Airbus

Moscovo condena caricaturas da Charlie Hebdo sobre queda do Airbus


Moscovo classificou de “blasfémia inaceitável” as caricaturas publicadas pela revista satírica francesa Charlie Hebdo sobre a queda do Airbus A-321 russo no deserto do Sinai, em que morreram 224 pessoas.


“Na nossa opinião, isto tem um nome: blasfémia. Não tem nada que ver com a democracia nem com a liberdade de expressão. É uma blasfémia”, disse aos jornalistas em Moscovo um porta-voz do Kremlin, Dmitir Peskov.

O mesmo responsável acrescentou que “apesar de não ter muito tempo” tem tentado procurar caricaturas sobre o assassinato dos próprios trabalhadores da revista por terroristas islâmicos, no passado mês de Janeiro em Paris.

“Não encontramos (as caricaturas). Mas caso tivessem sido publicadas também seriam uma blasfémia. É assim que nós pensamos no nosso país”, sublinhou.

Peskov foi mais além nas considerações sobre a revista ao afirmar que “tem dúvidas de que uma publicação” como a Charlie pudesse existir e ser apoiada na Rússia.

“É uma publicação polémica e muita gente não a apoia. Muitos sentem-se ofendidos”, acrescentou.

Uma das caricaturas inclui a frase “os perigos das 'low cost' russas” e mostra os destroços de um avião enquanto uma caveira diz que o melhor será “apanhar a air-cocaína”, numa referência ao aparelho recentemente interceptado no Líbano com um carregamento de droga supostamente destinado ao financiamento dos radicais islâmicos na Síria.

A segunda caricatura mostra um terrorista islâmico a proteger a cabeça da queda dos destroços do aparelho, tendo na parte superior do desenho a inscrição: “a aviação russa intensifica os bombardeamentos” contra o Estado Islâmico.

Quando questionado pelos jornalistas, o porta-voz do Kremlin frisou que as caricaturas – “ofensivas para a Rússia” – não vão prejudicar as relações entre Moscovo e Paris.

Mesmo assim, a Câmara Baixa do Parlamento russo (Duma) aprovou uma declaração em que condena as duas caricaturas sobre o acidente aéreo referindo que a publicação vai ter um impacto negativo nas relações entre a Rússia e a França.

Lusa