Ivo Martins prefere falar num festival que vai além dos músicos e dos concertos. O director artístico do Guimarães Jazz (começa hoje e continua até ao dia 14) fala nos acontecimentos paralelos que “envolvem a cidade”, tais como “os artistas estrangeiros que ensaiam concertos com jovens músicos portugueses” e concertos espontâneos “que podem acontecer numa estação de comboio, num centro comercial, numa rua”. Ivo Martins sublinha que “Guimarães recebe e apropria-se desse momento”.
Mas não há como não referir a presença do lendário Archie Shepp. Ivo salienta “um ícone com uma carreira com mais de meio século, que deu muito ao jazz e sabe tocar”. O saxofonista é o “epicentro do Guimarães Jazz”, um convidado de honra na cidade. O director explica que a certa altura conseguiram “o contacto certopara poder chegar ao músico e convidá-lo”.
Outro dos destaques vai para o grupo Oregon, cujos músicos tocam juntos há 45 anos e “iniciaram a música de fusão”, adianta. Só muito mais tarde surgiu o conceito de world music. Os Oregon, oriundos do estado americano com o mesmo nome, fazem o concerto inaugural em Guimarães.
Schneider
Outra referência no Grande Auditório do Centro Cultural Vila Flor, o palco principal do festival, passa pela Maria Schneider Orchestra. Ivo Martins justifica que a presença da artista “é uma grande honra, até porque não toca muitas vezes em concertos”. Maria Schneider apresenta o seu novo disco, que foi produzido de uma forma original. Ivo explica que a artista, “antes de lançar os seus discos, faz uma subscrição pública. É o público que paga os álbuns”.
Além destas três actuações, o Guimarães Jazz vai receber Brian Blade and The Fellowship Band, Cholet Känzig Papaux Trio, Jason Moran, The Taylor Ho Bynum Quinteto, Joshua Redman, Aaron Parks, Matt Penman e Eric Harland, entre outros.
Este ano, o Guimarães Jazz volta a apresentar actividades paralelas como as jam sessions e oficinas de jazz, e ainda a projecção do documentário “Uma História de Jazz”.
Ivo Martins insiste que o festival já possui uma identidade própria, 24 anos depois da sua primeira edição. O seu sucesso e renome fora de Portugal também se mede pelas conversas entre todos os músicos e, “com cerca de 100 músicos por ano, são cerca de 2400 presenças”, lembra.
O responsável acrescenta que o Guimarães Jazz “não tem metas”. Para Ivo Martins, “não é um projecto acabado nem definitivo”. Comete erros, admite, “mas aprendemos com eles”.