Valorizar as várias dimensões do trabalho


Nos anos 70 e 80, um dos estandartes do feminismo foi o alargamento da noção de trabalho a todas as actividades socialmente úteis. 


© Shutterstock

Na sociedade industrial, o trabalho passou a definir-se a partir de critérios economicistas, igualado a “produtivo” e abrangendo apenas actividades susceptíveis de produzir riqueza na esfera do mercado. Além disso, a difusão do modelo taylorista-fordista na indústria e a introdução da mecanização levariam vários/as analistas sociais, entre sociólogos/as, a aprofundar temas como a alienação, o esvaziamento do sentido do trabalho, a desqualificação e a degradação das condições de trabalho.

Na segunda metade do século xx, o trabalho passou, por via do modelo de regulação da relação salarial, a ser também sinónimo de emprego. O trabalho não pago, doméstico e relativo ao cuidar, prestado essencialmente pelas mulheres, foi (e assim tem sido) profundamente subestimado e remetido para um estatuto social inferior.

Nos anos 70 e 80, um dos estandartes do feminismo foi o alargamento da noção de trabalho a todas as actividades socialmente úteis. Não poderia estar mais de acordo.

No que toca ao trabalho não pago, é sabido que tem valor económico, ainda que este permaneça invisível – como aliás demonstram os estudos que tentam contabilizá-lo monetariamente. Se atendermos às estatísticas que incidem sobre os usos do tempo, constata-se que no cômputo geral as mulheres dedicam mais tempo ao trabalho que os homens – realidade que, à luz da noção tradicional de trabalho, persiste na penumbra (como, por cá, a socióloga Heloísa Perista tem demonstrado).

É pois tempo de redefinir o conceito de trabalho, de reconhecer e valorizar as suas várias dimensões.

Professora no Instituto Superior de Economia e Gestão – U. Lisboa
Escreve à quarta-feira

Valorizar as várias dimensões do trabalho


Nos anos 70 e 80, um dos estandartes do feminismo foi o alargamento da noção de trabalho a todas as actividades socialmente úteis. 


© Shutterstock

Na sociedade industrial, o trabalho passou a definir-se a partir de critérios economicistas, igualado a “produtivo” e abrangendo apenas actividades susceptíveis de produzir riqueza na esfera do mercado. Além disso, a difusão do modelo taylorista-fordista na indústria e a introdução da mecanização levariam vários/as analistas sociais, entre sociólogos/as, a aprofundar temas como a alienação, o esvaziamento do sentido do trabalho, a desqualificação e a degradação das condições de trabalho.

Na segunda metade do século xx, o trabalho passou, por via do modelo de regulação da relação salarial, a ser também sinónimo de emprego. O trabalho não pago, doméstico e relativo ao cuidar, prestado essencialmente pelas mulheres, foi (e assim tem sido) profundamente subestimado e remetido para um estatuto social inferior.

Nos anos 70 e 80, um dos estandartes do feminismo foi o alargamento da noção de trabalho a todas as actividades socialmente úteis. Não poderia estar mais de acordo.

No que toca ao trabalho não pago, é sabido que tem valor económico, ainda que este permaneça invisível – como aliás demonstram os estudos que tentam contabilizá-lo monetariamente. Se atendermos às estatísticas que incidem sobre os usos do tempo, constata-se que no cômputo geral as mulheres dedicam mais tempo ao trabalho que os homens – realidade que, à luz da noção tradicional de trabalho, persiste na penumbra (como, por cá, a socióloga Heloísa Perista tem demonstrado).

É pois tempo de redefinir o conceito de trabalho, de reconhecer e valorizar as suas várias dimensões.

Professora no Instituto Superior de Economia e Gestão – U. Lisboa
Escreve à quarta-feira