FC Porto. Não houve antídoto para a lei do mais forte

FC Porto. Não houve antídoto para a lei do mais forte


Dragões são melhores e provaram-no em Haifa (3-1). Triunfo nunca esteve em causa e deixa equipa a pequeno passo dos oitavos-de-final. Para já, são dez pontos em quatro jogos.


Nem o FC Porto foi melhor do que costuma ser nem o Maccabi Telavive apareceu aquém do que é capaz. A vitória foi para a equipa portuguesa porque era inevitável. Pode sempre haver uma surpresa mas a diferença entre as duas equipas foi demasiado grande para haver algo que provocasse um desfecho diferente. Com uma exibição personalizada, a equipa de Julen Lopetegui não deu hipótese, marcou três golos – falhou outros tantos –, sofreu um que não devia ter sofrido e, mais importante, chegou aos dez pontos no grupo.

O Maccabi Telavive foi um paradoxo. O objectivo era chegar ao primeiro golo na Liga dos Campeões e derrotar o FC Porto mas a estratégia não conseguiu acompanhar. Foi um pouco como os últimos metros de uma maratona, em que a cabeça diz às pernas para acelerar mas o corpo já não consegue corresponder. A diferença é que a culpa é da (pouca) qualidade técnica e não no desgaste.

Foi assim o futebol dos israelitas. O ambiente nas bancadas prometia um início infernal mas não havia soluções no ataque para cumprir a intenção e Ben Haim II tornou-se um oásis num deserto de alternativas quando a equipa tentou assumir o controlo. O FC_Porto, inteligente, secou qualquer ideia. Recuou, garantiu que a principal ameaça ficasse sem espaço, e fez com que se tornasse uma questão de tempo até ganhar a bola.

Resignado, o Maccabi percebeu que não tinha outra opção: jogar em ataque continuado era um acidente à espera de acontecer. Porque não conseguia desequilibrar frente a uma equipa que não dava tréguas defensivas e porque vivia no limite do risco contra um grupo de jogadores acima da média. A irreverência durou 15 minutos, e sempre por Ben Haim II. A abrir, aproveitou uma desatenção de Layún para rematar à malha lateral. Depois forçou Casillas a uma defesa para canto e na sequência quase faz o golo de cabeça ao segundo poste. Mas só isso, nada mais._Foi muito pouco.

A qualidade do FC Porto fez o resto e só não foi mais decisiva porque a eficácia deixou a desejar. Aboubakar foi ameaçando aqui e ali e demonstrou que não estava na melhor noite quando, após assistência de Tello (isolado por um passe magistral de Danilo Pereira), acertou no poste a meros metros da linha de golo. Por essa altura já os dragões venciam, cortesia de Tello. O espanhol que foi campeão europeu de sub-21 em_Israel, comandado por Julen Lopetegui, não teve a primeira parte mais activa mas foi ele que desbloqueou o empate aos 19 minutos. A recepção, após passe de André André, não foi a melhor mas tornou-se decisiva, uma vez que Rajkovic acreditou que podia chegar primeiro. Não chegou.

Adormecer a fera Os primeiros ataques do FC Porto foram acompanhados por uma onda de assobios intimidante. Mas o coro começou a falhar quando se percebeu que Danilo, Rúben Neves, Evandro e André André se sentiam mais do que confortáveis e tinham todo o espaço necessário para pensar.

O entusiasmo deu lugar ao conformismo e o golo a abrir a segunda parte acabou com as dúvidas. Houve tempo, espaço e qualidade técnica para tudo. A dupla Pereira, Maxi e Danilo, fez o que quis dos adversários à direita e o uruguaio assistiu para André André fazer o 2-0. Depois dos golos contra Benfica, Chelsea e Varzim, o médio continua a demonstrar faro de golo, surgindo como um extremo ao segundo poste depois de se antecipar ao adversário.

O FC Porto tinha encostado o Maccabi às cordas e foi também ele que quase o recuperou, após um erro de Casillas num pontapé de baliza. Foi um susto efémero que continuou pouco depois numa oportunidade de Mitrovic mas que não mudou o sentido do jogo. E quando Layún fez o terceiro aos 72 minutos, deixou de haver dúvidas sobre o vencedor.

Ao Maccabi restava o objectivo de chegar ao primeiro golo na prova. Na véspera, Eran Zahavi confessara que não esperava que fosse “tão difícil” marcar na competição. Mas depois até se tornou fácil, com Tasos Sidiropoulos a assinalar um penálti de Maxi Pereira que não existiu. Com uma oportunidade de ouro, o israelita não desperdiçou. Foi a única consolação do Maccabi.