Cara de Cartón


O maior problema é que para nós, portugueses, todo este experimentalismo, assente em alianças contranatura, tem um acrescido custo cuja factura mais tarde ou mais cedo teremos de pagar.


© Tiago Petinga/Lusa

O “El Mundo” descreveu ontem um diálogo entre Mariano Rajoy e Pepe (José Rivas Fontán, deputado em Madrid e alcaide de Pontevedra entre 1979 e 1991), depois de aquele ter faltado ao compromisso de nomear este para um cargo.

Dizia então Pepe: “Es que muy duro en Pontevedra. He quedado en ridículo”, ao que respondeu Rajoy: “Cara de cartón, Pepe, cara de cartón.”

Esta é, de facto, a grande receita para os políticos da actualidade. Ausência de emoção e capacidade de resistência, esperando que se mantenha o provérbio “depois da tempestade vem a bonança”, tudo isto naturalmente acompanhado pelo exército da estrutura partidária.

Esta é também a estratégia que António Costa tem seguido: resistir às críticas internas e externas, dando mesmo a dianteira a partidos marginais do sistema, em especial ao BE, que quotidianamente nos informa sobre o andamento das negociações e quais as vitórias já alcançadas. 

Costa está a jogar o seu futuro político e, se como parece previsível, correr mal, dificilmente recuperará e causará elevados danos ao PS; se por milagre correr bem, Costa será considerado um visionário.

O maior problema é que para nós, portugueses, todo este experimentalismo, assente em alianças contranatura, tem um acrescido custo cuja factura mais tarde ou mais cedo teremos de pagar.

E a nós não nos basta cara de cartón.

Professor da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa; advogado e jurisconsulto
Escreve à quarta-feira

Cara de Cartón


O maior problema é que para nós, portugueses, todo este experimentalismo, assente em alianças contranatura, tem um acrescido custo cuja factura mais tarde ou mais cedo teremos de pagar.


© Tiago Petinga/Lusa

O “El Mundo” descreveu ontem um diálogo entre Mariano Rajoy e Pepe (José Rivas Fontán, deputado em Madrid e alcaide de Pontevedra entre 1979 e 1991), depois de aquele ter faltado ao compromisso de nomear este para um cargo.

Dizia então Pepe: “Es que muy duro en Pontevedra. He quedado en ridículo”, ao que respondeu Rajoy: “Cara de cartón, Pepe, cara de cartón.”

Esta é, de facto, a grande receita para os políticos da actualidade. Ausência de emoção e capacidade de resistência, esperando que se mantenha o provérbio “depois da tempestade vem a bonança”, tudo isto naturalmente acompanhado pelo exército da estrutura partidária.

Esta é também a estratégia que António Costa tem seguido: resistir às críticas internas e externas, dando mesmo a dianteira a partidos marginais do sistema, em especial ao BE, que quotidianamente nos informa sobre o andamento das negociações e quais as vitórias já alcançadas. 

Costa está a jogar o seu futuro político e, se como parece previsível, correr mal, dificilmente recuperará e causará elevados danos ao PS; se por milagre correr bem, Costa será considerado um visionário.

O maior problema é que para nós, portugueses, todo este experimentalismo, assente em alianças contranatura, tem um acrescido custo cuja factura mais tarde ou mais cedo teremos de pagar.

E a nós não nos basta cara de cartón.

Professor da Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa; advogado e jurisconsulto
Escreve à quarta-feira