Durante a apresentação do relatório “Factos e Números da Diabetes do Observatório Nacional de 2014”, Luís Gardete, coordenador do Observatório, revelou que as retinografias realizadas no âmbito dos programas de rastreio da retinopatia diabética tiveram uma descida acentuada na região do Algarve.
Apesar de o número de pessoas com diabetes abrangidas por este programa ter vindo a aumentar desde 2009 (223%), em 2014 verificou-se uma diminuição acentuada (17%) de utentes observados (de 115.284 para 95.535), assim como do número de pessoas identificadas para tratamento.
Por região, o documento demonstra que a maior descida se verificou no Algarve (menos 91%), seguida do Norte, com uma quebra de 17%.
Em sentido contrário, o Alentejo teve uma subida acentuada, de 354%, no número de rastreios realizados.
Comentando as conclusões do observatório, Fernando Leal da Costa saudou “o êxito do Alentejo”, e mostrou-se “preocupado” e “desiludido” com o Algarve, sublinhando que, entre os que não fizeram rastreios, existem certamente muitos a quem deve ter escapado a necessidade de fazer tratamento.
“Levo a mensagem para transmitir ao presidente da ARS [Administração Regional da Saúde] do Algarve. É preciso recuperar o número que tínhamos em 2013, de 16 mil e qualquer coisa”, afirmou.
Entre 2013 e 2014, a ARS do Algarve o número de utentes com que realizaram retinografias baixou de 16.103 para 1.420.
Leal da Costa justificou esta quebra com a falta de recursos aliada à recusa de profissionais de saúde em fazerem o rastreio.
Para o ministro, situações como esta acontecem “quando temos falhas relativamente à não participação de profissionais onde os recursos são mais escassos”.
O governante considera que é preciso perceber se os recursos em 2015 servem para acautelar a recuperação em 2016 e sublinha a necessidade de “aumentar verbas para a prevenção secundária”.
Leal da Costa sublinhou que em consequência dos rastreios que não foram feitos, cerca de 6% dos utentes poderão ter que vir a ser sujeitos a processos terapêuticos específicos de retinopatia.
“Podemos ter uma intervenção ainda em tempo útil, mas mais dispendiosa do que se fosse feito mais precocemente”, acrescentou.
Segundo o ministro, o país tem tido “maiores gastos em saúde do que se julga”, designadamente em profilaxia como a vacinação.
“Mas onde temos carência e temos que dobrar o que gastamos é na área do rastreio. Esta deve ser a principal prioridade da política do Governo dos próximos anos”, defendeu.
Lusa