Luisão. O capitão do cara ou coroa e dos golos decisivos

Luisão. O capitão do cara ou coroa e dos golos decisivos


Benfica vence Galatasaray (2-1) com 11.º golo europeu do brasileiro e assume liderança do grupo.


Lembram-se daquele anúncio da Nike, o primeiro de todos, em 1996? Filma-se o Coliseu como arena de futebol e um jogo entre forças do bem e do mal. Das bancadas, chovem “cenas” sem parar. Maldini reage com excessiva diplomacia: “Talvez eles sejam amigáveis.” Cantona olha-o de lado.

O árbitro (cego) apita para o início da partida e não percebe o futebol alarve dos maus, com faltas e mais faltas. Abjectas, todas, sem excepção. Rui Costa (vestido à Portugal) é atropelado, Figo (à Barça) escapa a uma pisadela com pitons de ferro e Kluivert (à Ajax) leva um pontapé no peito antes de Ian_Wright (à Arsenal) apanhar uma valente cabeçada. A bola avança até à área, é quatro contra um e o mexicano Jorge Campos sai histérico da baliza, pronto para fazer história.

Maldini aparece in extremis e corta num carrinho exemplar. Lança de imediato o ataque, Kluivert ganha de cabeça no meio de dois energúmenos, Brolin (Parma) dá de primeira com uma bicicleta admirávek e_Ronaldo (Brasil) livra-se de um, dois, até cruzar para a área. Cantona  (United) domina com o peito, mete o pé direito em cima da bola e puxa o colarinho enquanto diz “au revoir”. A bola passa pelo meio do guarda-redes e o mundo volta a ser como dantes.

Radar Tanta lenga-lenga para quê? O 2-1 de Luisão é parecido com o pontapé de Cantona: plena de raiva, cheia de intencionalidade e ainda bem que Muslera não se interpôs no caminho da bola senão pobre coitado.

O golo dita a vitória justa sobre o Galatasaray e a liderança isolada do grupo, confirmado o nulo do Atleti no Cazaquistão, onde o Gala também tropeçara (2-2). Só falta o Benfica, daqui a duas semanas. Uma vitória sela o apuramento de Rui Vitória para os oitavos-de-final.

Zoom Por falar nele, o treinador quer dar sequência ao 4-0 em Aveiro, ao Tondela, com duas novidades: Eliseu e André Almeida nos lugares de Clésio (não está inscrito) e Samaris (suspenso). No ataque, continua a dupla JJ (Jonas mais Jiménez). À esquerda, Gaitán.

O argentino, herói nos últimos três jogos (Astana, Atlético e Gala), é um fenómeno em toda a linha. Aos três minutos, passa como quer por Adin e faz uma roleta em cima de Inan. O remate sai ligeiramente ao lado mas é um momento inesquecível. Sublime, já vale o jogo.

Aos 6’, Gaitán volta a brilhar, com passe para Jiménez ao que Muslera se interpõe com valenta antes da recarga de Gaitán para fora._Aos 12’, mais Benfica: Eliseu, calcnahar de Jonas e Gonçalo por cima. A reacção do Gala é pobre, pobre, pobre. Ao intervalo, 0-0.

A segunda parte começa com o golo, numa jogada estudada com Gaitán (claro). Livre para a área, Jardel cabeceia para o meio, onde Luisão atrapalha-se com a bola e disso se aproveita Jonas para um golo (outro) de raiva e intenção. Au revoir, Galatasaray? Não, nem por isso.

Mais O Benfica adormece e deixa-se apanhar no marcador aos 58’, por Podolski, no dois-um com Sneijder. O capitão Luisão sai-se mal na fotografia mas redimir-se-ia com o tal 2-1. O remate com o pé direito do capitão é potente e é o seu 11.º golo europeu – uma marca pouco habitual (o rei é Ronald Koeman, com 14).

O Galatasaray esforça-se pelo ponto, em vão. Se é verdade que Júlio César evita o 2-2 em cima dos 90’, o Benfica já deveria ter feito o terceiro, por Jiménez, isoladíssimo após calcanhar delicioso de você-sabe-muito-bem-quem. Pois sim, esse senhor é expulso com duplo amarelo aos 85 minutos e falha o_Astana. É um “au revoir” ao_Cazaquistão. Será que Borat o perdoa?