Alergias de pele, dos pulmões, rinites, sinusites, bronquites e reumatismo? A solução é um banho turco, nunca por mais de 15 minutos com temperaturas a rondar os 40/45 graus.
Ora bem, o Benfica tem de aguentar mais tempo, caso queira chegar aos nove pontos à quarta jornada da fase de grupos. Para tal, é preciso dobrar o Galatasaray, com quem perde em Istambul depois de se ter visto em vantagem aos 70 segundos (cortesia de Gaitán). Na Luz, tudo tem de ser diferente do Atatürk.A começar no calor humano.
1975, Fenerbahçe (7-0)
É uma liga assim para o atípico, a da Turquia em 1974-75. O Fenerbahçe é campeão nacional com quase tantos empates (13) que vitórias (15).O treinador é o brasileiro Didi. Esse mesmo, o inventor da folha seca – jeito escanifobético de bater o livre com um pontapé fortíssimo em que a bola sobe muito e desce de repente, para deixar o guarda-redes sem reacção. Didi, é bom acrescentar, joga com Garrincha mais Pelé e sagra-se campeão mundial em 1958 (Suécia) e 1962 (Chile).
Ora bem, o sorteio da primeira ronda da Taça dos Campeões junta Benfica e Fenerbahçe. É a primeira época sem Eusébio e Didi aproveita a ausência para atiçar o pessoal. “O Benfica sem Eusébio é uma sombra de si mesmo”. Ou então: “Cuidado connosco, vamos jogar para ganhar e ganharemos.”
Os avisos caem mal na Luz, conforme indica Nené. “Esse palavreado todo como que nos encorajam ainda mais.” Meu dito, meu feito.Ao intervalo, 3-0. Golos de Shéu, Nené e Sabahattin (na própria baliza). Na segunda parte, mais quatro (Jordão, Nené, Jordão e Jordão). No fim de contas, 7-0 entre dois hat-trick e um autogolo. Nesse dia, o Porto também dá sete (vs.Avenir Beggen, nas Antas) e o Boavista empata na Checoslováquia (vs. Spartak Trnava) no baptismo europeu.
1980, Altay (4-0)
A Taça da Turquia joga-se sempre a duas mãos, do início ao fim, incluindo a final. A ela chegam Altay e Galatasaray.Em Izmir, 1-0 de Kayihan. Em Istambul, 1-1 comMustapha Denizli (seleccionador da Turquia no bis de Nuno Gomes para os quartos-de-final do Euro-2000) a garantir o troféu, aos 63’, de penálti.
A UEFA sorteia os quatro clubes na pré-eliminatória e a fava calha a Diosgyöri Celtic,Altay e Benfica. Em Izmir, há uma gigantesca onda de entusiasmo na estreia do Benfica em competições europeias no Verão a sério (20 de Agosto). É, aliás, a primeira vez que um clube nacional entra numa pré. “Nunca vivemos uma situação idêntica”, diz então Jordão. “Eles puxam, puxam, puxam e puxam pela equipa, o apoio é frenético.” Acaba 0-0 na Turquia, onde o Benfica demora 11 horas para lá e 12 para cá numa conta bonita para os cofres do clube (53.900 contos por cabeça).
Na Luz, 60 mil pessoas deixam 6500 contos nas bilheteiras e vibram com um monólogo de quatro golos. Chalana abre o marcador (22’), Humberto amplia antes do intervalo (44’). Na segunda parte, Nené (63’) e César (70’) fixam o 4-0. A caminhada benfiquista na Taça das Taças só é travada nas meias-finais, pelo Carl Zeiss Jena, da RDA.
2008, Galatasaray (0-2)
Quique Flores é apresentado com toda a pompa na Luz e o presidente Luís Filipe Vieira dá-lhe quatro reforços (Aimar,Suazo, Reyes e Balboa, vendido pelo Real Madrid por quatro milhões de euros).
Se os três primeiros rendem o esforço financeiro, sobretudo o argentino com a classe que se lhe reconhece, o internacional guineense passa despercebido e nem se impõe como suplente utilizado. Ainda assim, o Benfica ganha uma Taça da Liga e só perde o primeiro jogo de campeonato em Janeiro (2-0 na Trofa). Nesse parêntesis, o Benfica europeu dá água pela barba ao Nápoles e salta para a fase de grupos da Taça UEFA. Ao 1-1 em Berlim, o 2-0 do Galatasaray.
Sim, o Galatasaray vem à Luz e desfaz o Benfica sem eira nem beira, com dois golos na segunda parte (Emre Asik 52’, Umit Karan 68’).A partir daqui, pobre Quique: 5-1 do Olympiacos emAtenas e 1-0 do Metalist na Luz.
2011, Trabzonspor (2-0)
O Uruguai é campeão sul-americano na Argentina. Na baliza, está Muslera. É o guarda-redes do Galatasaray mas nunca mais se ouve falar dele depois de anular o Paraguai na final. Lugano é o central do Paris SG mas nunca mais se ouve falar dele depois de capitanear o Uruguai na final. Forlán é o avançado do Inter, mas nunca mais se ouve falar dele depois de decidir a final da Copa América com dois golos.
Afinal, diga-nos lá um uruguaio que continue a fazer boa figura na Europa depois de conquistar a América do Sul em 2011?
A resposta é simples e está mais perto de si do que imagina. Chama-se Maxi Pereira. O lateral fala a língua de Octávio Machado – trabalho, trabalho, trabalho – e é uma fonte inesgotável de energia. É campeão sul-americano pelo Uruguai na tarde de 24 de Julho e voa para Montevideo para participar na festa do título. Passa um dia, dois… e decide voltar a jogar futebol. Pelo Benfica, com o Trabzonspor, para a primeiramão da 3.ª pré-eliminatória da Liga dos Campeões.
De Montevideo a Lisboa (não) é um tirinho. É uma viagem de 11 horas. E então? Maxi aterra na Portela na manhã do dia 27, todo sorridente, e vai para a Luz, onde entra a 27 minutos do fim, a tempo de participar na vitória por 2-0. Eis Super Maxi no seu melhor.
2013, Fenerbahçe (3-1)
O Benfica não estão fulgurante como dantes. Na posse de bola, queremos dizer. Nos últimos três jogos, é dominado por Sporting (52-48), Fenerbahçe (62-38) e Marítimo (51-48). É preciso dar a volta. Ao 1-0 de Istambul, queremos dizer.
Gaitán confirma, aos 9’. Kuyt invalida, aos 23’, de penálti. E agora? Precisam-se dois golos na Luz para chegar à final da Liga Europa. Quem quer ser o herói? Aos 35’, Enzo bate o livre e Cardozo dança o vira na área turca. A eliminatória está empatada, o Fenerbahçe ainda passa pela regra dos golos fora.Só mais um, só mais um. Aos 66’,o salvador 3-1 parte de um lançamento lateral de Salvio e a bola é tocada por Lima e Luisão até chegar aos pés de Cardozo. Cabuuuuum,aí vamos nós para Amesterdão.
Benfica-Galatasaray às 19h45 na RTP1