A peça, escrita pelo dramaturgo galego Carlos Santiago, "incide sobre situações do quotidiano", jogando entre "a actualidade e o fantástico" e cruzando a vida real de uma doméstica com "situações absurdas", disse à agência Lusa o encenador do espectáculo, José Rui Martins.
Em "Cicatriz", fala-se "do peso da burocracia, da cunha, da situação de corrupção", "dos tramas" da procura de emprego sem padrinhos nem recomendações, da desvirtuação da pessoa para poder entrar na política ou dos problemas de um caminho em direcção ao "estrelato", explicou.
"É um retrato da actualidade, feito sempre num sentido do absurdo, mas que naturalmente leva a verificar que a realidade pode ultrapassar o absurdo", referiu o encenador.
O espectáculo está dividido por histórias que "vivem cada uma por si", tendo como elemento que as une a doméstica que se vê confrontada com várias tentações e possibilidades de futuro – "uma permanente procura para encontrar um futuro melhor, que a impeça de varrer o chão e de ser pau para toda a colher".
"Mais vale sermos quem somos do que entrarmos numa rede corrupta em que nos pedem para não sermos o que somos", sublinhou José Rui Martins.
Apesar da comicidade inerente à peça, não há risos "gratuitos", havendo também "picos dramáticos", frisou.
O elenco do espectáculo é composto pelos actores António Rebelo, João Silva, Pedro Sousa e Raquel Costa.
A peça estreou em Fevereiro e agora vai estar presente na Oficina Municipal do Teatro na quarta e quinta-feira, às 21:30, com o bilhete a custar entre 04 e 10 euros.
Lusa
