Ricardo Carriço. “Não faço planos, mas sonho para caraças”

Ricardo Carriço. “Não faço planos, mas sonho para caraças”


Quando era miúdo o pai chamava-lhe veneno porque não parava e quieto e só fazia disparates. 


Hoje, apesar de serem menos as tropelias, Ricardo Carriço continua a não parar quieto e é pouco o tempo para tanta coisa. Os dias dividem-se entre a música, a representação, a locução e a solidariedade social. Da pintura já tem saudades. Mas há muitos, muito mais sonhos por concretizar, como o de ser pai. Aos 51 anos, esta é uma das realizações que não aconteceram. Ainda.

A conversa começa pela infância, a dele e a das crianças e jovens de hoje, e de como dela depende o resto dos nossos dias. Antes de ser o que é hoje pensou ser arquitecto, mas a matemática levou a melhor. Na vida como nos palcos somos vários e é preciso construir e desconstruir personagens. Por isso agora arquitecta outros planos: para já, gravar os novos temas do LP, a segunda fase do disco “O Meu Mundo”.

Tem um blogue em que fala da sua infância. Em que sentido o marcou?
A minha infância foi muito rica, cheia de aventuras. E tinha uma mãe que talvez fosse um bocadinho para a frentex para a altura. Uma das histórias que recordo passou-se numas férias grandes, em Cascais, para onde íamos sempre e onde tínhamos ordem de soltura total. Entusiasmados pela série “Os Pequenos Vagabundos”, metíamo-nos em tudo o que era sítio, de casas abandonadas a buracos de rochas. E uma vez na praia da Rainha descobrimos uma rocha, a “rocha do caranguejo”, que por baixo tinha um túnel por onde se conseguia passar com a maré vazia. Íamos em fila indiana, de gatas e agarrados aos pés do da frente. Até que um dia a maré começou a encher e ficámos debaixo de água. Cheguei a casa e contei tudo à minha mãe, na maior das inocências e com imenso entusiasmo. No dia a seguir a minha mãe foi connosco fazer aquela travessia e no fim esteve a explicar--nos os perigos que corríamos. Nunca mais o fizemos.

Era turbulento?
Era superenérgico – acho que ainda hoje sou um bocadinho hiperactivo. O meu pai chamava-me veneno porque eu tinha energia a mais e só fazia asneiras. Tive muito contacto com a natureza, com a terra. Estávamos sempre ocupados, a minha mãe tinha a preocupação de preencher os nossos tempos livres. Sempre que não havia nada inventavam-se oficinas de pintura e coisas do género e isso dá estaleca aos miúdos, abre-lhes os horizontes. Além disso, e apesar de não sermos muitos (três filhos e dois primos, filhos de um irmão da minha mãe), relacionávamo-nos com pessoas que nem sempre sabíamos de onde vinham, saíam do nosso círculo mais próximo. Tudo isto acabou por contribuir para eu ser uma pessoa aberta, comunicativa.

Uma infância diferente das de hoje?
Hoje em dia há uma sobreprotecção assustadora. Recordo uma fase engraçada de quando saímos de Cascais e fomos viver para Lisboa e estudar para os Maristas. Passado um ano, a minha mãe chegou a casa e disse: “Bom, meninos, agora vai tudo para a escola pública que eu quero que vocês aprendam a dar e a levar chapadas.” E nos Olivais Sul, naquela época, acabámos por ter um grupo de amigos da escola de todas as classes sociais e partilhávamos as bicicletas com os miúdos mais carenciados. O que tem graça é que entretanto vendemos a casa, que era dos meus pais, mas sempre que lá volto é o mesmo orgulho e camaradagem. Juntamo-nos e somos amigos da escola.

Há sobreprotecção para explicar um certo abandono?
Nós levámos umas palmadas e isso não nos fez mal nenhum. Hoje vemos os filhos a ameaçar os pais. Perdeu-se essa referência, não há respeito. Com a correria em que se vive, as famílias estão muito mais desmembradas. Em minha casa o jantar era sagrado, estávamos todos sentados à mesa, havia uma partilha do que se fazia e do que não se fazia. Isso perdeu-se. São os computadores, a comida rápida de tabuleiro no joelho e está a andar. 
Incomoda-me ver como tudo se banalizou. Muita gente desejou o 25 de Abril para que as coisas melhorassem, a educação, a saúde, a vida, e de repente olhamos para estes anos de democracia e a família parece ter perdido significado, a escola parece ter perdido significado, banalizou-se quase tudo, perderam-se esses valores. Depois as pessoas assistem a um tipo de programas na televisão e acabam por desejar a vida dos outros, uma coisa grotesca.

O Ricardo não tem filhos…
Não tenho filhos e tenho pena. Não aconteceu. Houve uma fase da minha vida em que andei preocupado por não ser pai, mas neste momento já não me preocupo. Agora estou com 51 anos – obviamente que nada é impossível –, mas… Estou um bocadinho naquela posição: o que tiver de acontecer acontecerá. Logo se vê.

Não costuma fazer planos?
Não. Não faço planos mas sonho para caraças.
E acho que é importante, gosto de sonhar e de me imaginar a fazer coisas num determinado tipo de situações, de poder criá-las, desenvolvê-las. Isso dá-me uma energia incrível. Há outra coisa que adoro: conhecer gente e perceber novos hábitos, novas maneiras de estar. E cresço com isso também.

Há pouco disse que as pessoas desejam a vida dos outros. Ou é tudo demasiado perfeito, como nas revistas, ou demasiado mau, como nas telenovelas. Tem de ser assim?
Cada vez mais as telenovelas tentam ser um espelho da sociedade. Nós de repente achamos que é tudo um rebuliço do arco-da-velha, mas quando começamos a olhar, a ver a história do vizinho, o que acontece hoje nas casas das pessoas são verdadeiras novelas. Às vezes se calhar encerramo-nos num mundo nosso e não nos apercebemos daquilo que se passa à nossa volta, mas há coisas assustadoras.

Já voltamos aí. Uma pessoa é uma coisa só?
Uma pessoa é uma quantidade de coisas, o que é preciso é conseguir o equilíbrio entre todas. Chega a ser um bocadinho assustador e houve uma altura em que me chamavam a atenção: cuidado, não se consegue fazer muitas coisas bem feitas ao mesmo tempo. Hoje tento gerir o que faço de maneira a ter capacidade de estar concentrado a 100% em cada coisa.

O que veio primeiro, a música ou a representação, o cantor ou o actor?
Penso que foi uma amálgama. Como disse, em miúdo sempre houve muitas actividades em minha casa. O irmão da minha mãe, o meu tio João, era e é um excelente desenhador e às vezes faziam-se espectáculos, cantorias. Os dois cantam fado maravilhosamente, portanto sempre houve música. Tanto em Cascais como em casa da minha avó, no Verão sempre houve sardinhadas e cantorias. Foram vários mundos que estiveram presentes ao longo de toda a minha vida.

Sempre quis fazer isto?
Quando entrei no liceu pensei ir para Arquitectura, mas tive um problema grave com a Física e com a Matemática – não colamos, não vale a pena – e acabei por ir para o IADE, onde tirei o curso de Design de Interiores e Equipamento Geral, fiz a especialização. Pelo meio surgiu a carreira de manequim, que começou nos Açores, onde estive entre os 15 e os 18 anos. Um dia uma amiga do liceu, em Angra do Heroísmo, perguntou-me se eu queria entrar no espectáculo de finalistas. Tivemos até uma miss a ensinar-nos como se desfilava. O desfile, que tinha playback e tudo, correu bem e as coisas foram acontecendo. Quando voltei para o Continente contactei escolas de manequins e modelos e acabei por me inscreve numa agência. Só anos mais tarde apareceu o bichinho da representação, porque os shows de moda, como se chamavam na altura, eram hipercoreografados e eu estava sempre à frente. Foram-me dizendo que tinha jeito para aquilo.

Lembra-se do primeiro convite?
Um dia, numa entrevista para a revista “Moda & Moda”, da Marionela Gusmão, perguntaram-me qual era o meu sonho, mesmo no fim, e eu respondi que gostava um dia de trabalhar como actor. Dois ou três dias depois recebo um telefonema do Tó Zé Martinho a dizer: “Li numa entrevista que quer ser actor. É verdade?” Assim, com aquela voz grossa, e eu disse que sim. “Então venha cá ter connosco.” Fui e fiquei, fiz a minha primeira série, “A Grande Mentira”, em que se estrearam a Julia Sargent, a Sofia Sá da Bandeira, o Rui Luís Brás, a Helena Loureano e outros tantos. Foi uma experiência genial. Por outro lado foi uma fase complicada, porque decidi que era por ali que queria ir e deixei de trabalhar como manequim. Passei algumas dificuldades, porque a partir dos meus 18 anos ou 20 anos, desde que comecei a trabalhar, deixei de pedir dinheiro aos meus pais. Andei um bocadinho com uma mão à frente e outra atrás. Mas embiquei para ali e é a tal história, gosto de sonhar e quando sonho crio uma linha a direito, não gosto de andar aos esses. E acredito que as coisas acontecem quando traçamos essa linha a direito.

Quais são os tais “sonhos para caraças” de que me falava há pouco?
Sonho uma quantidade de coisas que gostaria ainda de fazer e realizar. Passam por continuar com a minha carreira musical, desenvolvê-la e solidificá--la. Apesar de estar parado, tivemos um ano fantástico e desde o início de 2014 até Setembro deste ano tivemos sempre dois ou três concertos por mês e acabámos o ano a preparar a entrada em estúdio. Esta fase é boa, porque dá para ter aulas de canto duas vezes por semana e, quem sabe, mais para a frente há outra coisa a que eu gostaria de dar espaço na minha vida, que é pintar. Há muitos anos que não o faço e tenho saudades.

Essa veia ficou-lhe do seu tio João?
Eu não desenho, gosto de fazer pintura livre, com diversos materiais. Gosto de acrílicos, mas misturo-os com aquilo que me vem à mão, vernizes, colas. Tropeço nas coisas e vejo o que pode dar. E tenho a mania de construir telas sobre as próprias telas, isto é, com agulha e linha acabo por tecer em cima das telas e trabalhá-las com aqueles materiais todos. Gosto de brincar com um registo clássico em cima de um fundo abstracto.

É difícil ser-se artista em Portugal, o financiamento da cultura continua a ser um problema?
Não gostaria muito de entrar por aí, acabo sempre por ser a ovelha ronhosa da família. Penso que é óbvio que existe uma grande dependência da cultura do Estado. A cultura – e todos dizem que a cultura deve ser subsidiada – tem ou pode ter capacidade para desenvolver outros processos para se tornar sustentável. Eu acredito nisto e penso que embora seja difícil há meios que ainda não foram devidamente explorados.

Por exemplo?
Por exemplo alguém poderia fazer a ponte entre os grandes grupos empresariais e a cultura. Isto é uma coisa que até poderia ser conduzida pelo governo. No entanto, as alterações recentes à lei do mecenato, aquilo que era uma forma de as empresas ajudarem e participarem na cultura, descambou. É pena e é um trabalho que deveria ser feito: perceber que projectos existem e incentivar a o mecenato.

E quem decide o que é e não é arte, o que deve e não deve ser apoiado? Porque já vimos subsídios do Estado irem parar a projectos sem pés nem cabeça, mas que os seus mentores garantem que é cultura…
Houve um senhor [Piero Manzoni] que fez uma coisa chamada “Artist’s Shit”: fez cocó dentro de uma latinha, fechou-a e vendeu. Alguém disse que os artistas têm todos um ego muito grande. Os políticos também, e, como diz uma amiga minha, Portugal é um país muito pequenininho para egos tão grandes. Mas é isso que acaba por acontecer e temos uma cultura de certo modo viciada. Os subsídios sempre entregues aos mesmos porque os concursos se calhar não são assim tão transversais, tão aberto a toda a gente, e não há capacidade de analisar e perceber o que está a acontecer de novo. Talvez isso e a crise tenham levado a procurar alternativas e as pessoas estão a desenrascar-se e a tentar resolver as coisas.
Já ouvi muita gente dizer que o cinema, como o teatro, nunca se pagarão por si. Concorda?
Um filme sobrevive por si se for feito para o público. Se for feito para o umbigo do realizador é mais difícil. As coisas excessivamente eruditas não têm público. Mas há maneiras. Há uns anos fiz uma peça com o Diogo Infante, o João Baião, a Fernanda Lapa, a Cristina Carvalhal, “Odeio Hamlet”, a história de um actor de novelas convidado para representar Shakespeare em Central Park e que fica em pânico. E o mais engraçado é que as pessoas, além passarem uma hora e meia a rir às gargalhadas, chegavam ao fim com vontade de ler Shakespeare. A cultura deve chamar as pessoas e não afastá-las. Promover o diálogo e o relacionamento entre todos. O público quer coisas fáceis, mas isso não quer dizer sem qualidade.

Este governo vai ter um Ministério da Cultura. É importante?
O que é importante, acima de tudo, é que funcione, que se defenda a nossa cultura e a nossa identidade. Mas gosto que a cultura seja tratada como tudo o resto e portanto prefiro a existência de um Ministério da Cultura.

Disse há pouco que as telenovelas se aproximam cada vez mais da realidade. O que pensa dos papéis que lhe são atribuídos?
Gostava de sair um bocadinho desta coisa do galã, que está colada a mim. Ando um bocadinho farto. Mas acabamos por nos apaixonar pelas nossas personagens. Por exemplo, em relação ao Sebastião, este escritor bicho-do-mato do “Mar Salgado”, teria gostado de mais um pequeno desenvolvimento, de a ver chegar e dizer: “Vais ser pai.” Aí muita coisa poderia acontecer.

Isso transformava-o quase num alter ego, não? É transportar para a ficção aquilo que gostaria que acontecesse na realidade?
Representar acaba por ser transportar algumas das nossas emoções para um papel. Imaginar uma situação dessas se calhar era realizar aquilo que poderia vir a acontecer. E acho que era bonito, pronto. O actor é um veículo. 

É esquizofrénico, isso?
É, mas é terapêutico. O teatro ajuda-nos a trabalhar essa realidade, a nossa realidade, e a estar disponíveis para viver situações de risco, algumas que nos são próximas e nos incomodam. Acabamos por desenvolver a capacidade de ir buscar emoções a uma espécie de armário com gavetas, que vamos abrindo e de que utilizamos o que lá está, para depois voltar a pôr, arrumado, no mesmo sítio. Vamos abrindo e fechando essas gavetas para não entrar numa depressão rápida. É muito giro e penso que é isso que apaixona os actores, é o lado genial da representação, podermos dar-nos às personagens, ter essa capacidade e responder a esse desafio.

Alguma vez ensinou Teatro?
Quando estive na Confluência, uma associação cultural, aquilo que fiz foi muito por aí. Tínhamos um leque de pessoas que ia dos 12 aos 70 e muitos e, sendo eu director artístico e o responsável pela programação, tive de lidar com um variadíssimo tipo de pessoas. No fim de tudo houve que dar formação e pôr as pessoas a viver aquilo que são os processos criativos. Acabei por entrar num trabalho que é muito emocional, entrar no universo de cada um para perceber o que poderiam dar. Foi preciso provocar situações e às vezes avisava. Desconstruir pessoas e voltar a construir é muito engraçado. 

Devia haver teatro nas escolas?
Devia. Hoje parece que as próprias escolas são empresas, não existe esta capacidade de improvisar. Penso que o teatro nas escolas seria importantíssimo, não só pela capacidade que dá aos miúdos de ficarem mais desempoeirados, de falarem publicamente, dá-lhes destreza, porque o teatro também tem isso, como por ajudar a pegar nos nossos medos, nos nossos receios, e aprender a trabalhar com eles sem que isso nos afecte. Não esqueço duas situações que me marcaram e mostram a importância de utilizar a nossa verdade, a verdade de cada um. A primeira foi com Manuel Cavaco, que achava que era preciso sofrer – e as situações difíceis dão-nos essa capacidade. A outra foi com a São José, quando ganhei o casting para o “Querido Professor”. Fomos almoçar e ela perguntou: “Sabes porque é que ganhaste isto?” Disse-lhe que não e ela respondeu: “Porque te divorciaste. Aquele brilho excessivo que tinhas nos olhos desapareceu e isso é importante para a personagem.” Eu não sabia se me apetecia dar-lhe com uma cadeira pela cabeça abaixo ou dar-lhe um abraço e dizer muito obrigado. Mas tive este choque e não há dúvida que as situações difíceis nos ajudam a ter uma disponibilidade diferente.

Qual é a verdade de Ricardo Carriço?
A minha verdade é esta que vê. Mas também há uma verdade que protejo. Sou duas pessoas, o Ricardo Carriço e o Ricardo. Apesar de gostar de ser sempre o Ricardo, há o Ricardo Carriço que as pessoas construíram nas suas cabeças e que é preciso alimentar. É a história do mito, não é?
 
Quando olha para Portugal, o que o aflige?
O que me aflige mais é um bocadinho esta falta de noção do todo. Como é que podemos ser como uma equipa de futebol que está a jogar toda na mesma direcção, todos para marcar golo? O que sinto muitas vezes é que se misturam doutrinas, ideais e não há capacidade de entendimento geral. O que era importante neste momento é que conseguíssemos obter este entendimento geral para podermos continuar em frente.

O que é mais difícil nos relacionamentos?
O autismo. Estarmos tão fechados dentro de nós próprios ou em ideias fixas que não temos a capacidade de ouvir os outros. Perdemos muito a capacidade de nos ouvir.

Culpa de quê?
Acho que de tanta coisa… Uma coisa que me incomoda ou assusta é que, permanentemente, ao longo dos anos, temos tido vários políticos a dar péssimos exemplos de cidadania. E isso assusta--me porque nós, e sobretudo os miúdos, aprendemos através do exemplo, através das acções de quem devia ser exemplo. Outra coisa que me preocupa – e isto também acontece nas novelas – é que nunca se chega ao fim de nada. Parece que existe medo de aprofundar os assuntos ou que não existe essa capacidade.
Qual o pior defeito dos portugueses?
Opinar sem conhecimento. Hoje todos opinam sobre tudo, mas nunca ninguém chega a conclusão nenhuma. Esmifra-se tudo o que é mau, discute-se o derby em pormenor, mas na realidade ninguém informa sobre nada, nem ninguém explica coisa nenhuma. Por exemplo, quais são de facto os riscos envolvidos num governo de esquerda ou num governo de direita? Ainda não ouvi ninguém isento a falar sobre isso, só se ouvem opinadores. E pecamos porque nos falta curiosidade. Mas há mais defeitos, como a inveja.
 
Um defeito que não perdoa?
A prepotência.

O seu pior defeito?
Sonho de mais e às vezes acabo por andar em circuito fechado. Nalgumas situações acabo por ser um pouco obstinado. Mas com a idade acabamos por ganhar essa capacidade de desacelerar um bocadinho e esperar que a vida nos mostre o que tem reservado para nós.