OPSD tem Congresso marcado para Fevereiro do próximo ano – depois das presidenciais –, mas nem por isso Pedro Passos Coelho terá oposição interna, acreditam dirigentes do partido ouvidos pelo i. A provável queda do governo de coligação PSD/CDS a 10 de Novembro – dia em que a esquerda parlamentar rejeitará o programa de governo – não irá levar Passos a atirar a toalha ao chão e não há quem ouse preparar um assalto à liderança do partido. “Isto está tudo a andar com uma velocidade imensa. A expectativa é que vai haver eleições mais cedo do que se pensa”, admite fonte próxima de Passos ao i.
Os sociais-democratas não querem ouvir falar no fim do passismo até que o próprio Passos seja derrotado pelos portugueses nas urnas. “Passos Coelho venceu as eleições quando muitos, no próprio partido, acreditavam que era uma missão impossível. Ele é um vencedor. Não há quem não veja isso”, dispara um alto dirigente ao i. Na São Caetano à Lapa já se pensa no conclave para reeleger Passos para um quarto mandato à frente dos sociais-democratas.
“Ninguém quer discutir a liderança quando o partido foi atirado para a oposição por causa de ambições pessoais do líder do PS, partido que os portugueses quiseram que continuasse na oposição”, clarifica outro dirigente. Omote está dado: Passos vai para o parlamento confrontar António Costa e o PS com o seu resultado eleitoral – uma derrota. E o que se segue é a espera pela “desagregação à esquerda” ou por eleições antecipadas, que são dadas como certas entre o núcleo duro de Passos, garante um destacado social-democrata ao i.
Bancada de peso
Passos não vai querer perder a oportunidade de confirmar ou dilatar a vitória nas urnas sobre António Costa. Se a legislatura que agora começou chegar ao fim – considerando que Cavaco dá posse a António Costa, que chega a São Bento com o apoio parlamentar do BE, PCP e PEV – , em 2019, isso significa que Passos fica quatro anos na oposição. Um social-democrata ensaia a equação: “Vai ser uma liderança gerida Orçamento a Orçamento, tal como a aliança do PS com o PCP e o BE.”
Certo é que ninguém deve desmobilizar no imediato. O combate político vai estar no parlamento e é em São Bento que Passos deverá contar com o apoio de Maria Luís Albuquerque, Jorge Moreira da Silva ou José Pedro Aguiar-Branco, que deverão regressar à Assembleia para ajudar na estratégia de fazer oposição ao PS. Luís Montenegro continua como líder indiscutível do grupo parlamentar do PSD e, nos debates quinzenais com António Costa, irá ceder a palavra ao líder Passos.
O futuro imediato para os lados da São Caetano parece esboçado e contempla alterações à prática dos últimos anos: Passos não governa, mas não sai do partido. Até porque é ao PSD que o líder quer devolver o poder.